Em sua rede social Truth Social, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, publicou uma ordem para o Partido Republicano impedir a lei conhecida como Press Act (Lei de Imprensa), apresentada no ano passado na Câmara dos Estados Unidos, seja aprovada no Senado.

Na publicação, Trump declarou: “Republicans must kill this bill” (Republicanos devem matar essa lei!).

A lei em questão protege jornalistas, garantindo que o Estado dos EUA não possa pressioná-los a revelar suas fontes. O sigilo das fontes é um direito fundamental para o trabalho jornalístico. A Constituição Brasileira assegura que jornalistas tenham o direito de proteger suas fontes, algo que não está garantido na Constituição dos EUA.

A ausência dessa proteção permitiu que governos anteriores — como os de Bush, Obama, Biden e, inclusive, Trump — perseguissem diversos jornalistas, especialmente aqueles que denunciaram crimes contra a humanidade cometidos pelas forças dos Estados Unidos.

Os casos de perseguição a jornalistas por parte dos EUA são amplamente conhecidos, incluindo prisões e ações fora dos domínios legais do Estado norte-americano, como no caso de Julian Assange.

Trump, portanto, demonstra mais uma vez sua postura antidemocrática ao pedir que essa lei não seja aprovada, deixando clara a contradição de um Donald Trump que afirma lutar pela liberdade de expressão, mas apoia a opressão estatal contra direitos democráticos fundamentais.

Trump, no entanto, é um falastrão. Não se pode levar a sério nada do que ele diz. Algumas semanas atrás, por exemplo, ele garantiu que acabaria com o aparelho de censura nos Estados Unidos. Agora, parece apontar na direção oposta.

Essa postura contraditória reflete o caráter de classe ao qual Trump pertence. Por um lado, ele se choca com o imperialismo ao defender a economia dos Estados Unidos e alinhar-se com uma ala mais fraca da burguesia local, como o setor da construção civil.

Por outro lado, a burguesia à qual Trump está ligado ainda faz parte de um país imperialista, o que o impede de adotar uma política que rompa completamente com os interesses imperialistas. Não se pode esperar de Donald Trump uma política de enfrentamento total ao imperialismo.

A política de perseguição a jornalistas, entretanto, não se limita ao governo Trump, como muitas vezes setores da esquerda tentam fazer parecer. De forma geral, a política de Estado dos EUA caminha cada vez mais na direção de restringir direitos fundamentais relacionados à liberdade de expressão, impulsionada pela crescente crise do imperialismo.

Exatamente para evitar que denúncias de práticas imperialistas, como a destruição da Síria, venham à tona e minem a capacidade política de ação, o imperialismo intensifica ataques à liberdade de expressão. Na Síria, o imperialismo promove mortes em massa, retirada de direitos da população local e um regime de terror imposto por grupos pró-imperialistas.

Como exemplo da erosão da liberdade de expressão nos EUA, o jornalista Scott Ritter foi impedido de viajar para a Rússia há alguns meses, onde participaria do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo. Ritter chegou a embarcar no avião, mas foi retirado por funcionários do Departamento de Estado dos EUA, que confiscaram seu passaporte. Posteriormente, sua casa foi invadida, e seus computadores foram apreendidos, em uma demonstração contundente da barbárie que domina o país da “democracia”.

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Last Update: 14/12/2024