Na noite do último sábado, dia 7 de junho, a Casa Branca em comunicado informou que o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou memorando presidencial destinando 2 mil membros da Guarda Nacional para a repressão dos protestos em Los Angeles, na Califórnia. As manifestações iniciaram na sexta-feira, contra a série de operações conduzida pela ICE, a agência de imigração dos EUA, responsável por realizar deportações.
Inicialmente, manifestantes tentaram impedir os veículos da ICE de se moverem, e também se dirigiram a um prédio da administração federal no centro de Los Angeles após notícias de que haveria detidos no porão. No sábado, novos protestos irromperam em Paramount, na região metropolitana de Los Angeles, após atividade das forças repressivas na região que demonstrariam a continuidade da operação, e se estenderam até a noite. Também sábado, protestos ocorreram no centro de Los Angeles, inclusive na frente de um centro de detenções. A polícia declarou que seria uma aglomeração ilegal, e começou a prender pessoas.
A polícia disparou contra manifestantes com projéteis de letalidade reduzida, ao passo em que os manifestantes arremessaram pedras e outros objetos nas forças de repressão. Os protestos cresceram e os enfrentamentos com a polícia têm sido frequentes.
O Departamento de Segurança Interna dos EUA declarou que prendeu 118 imigrantes na última semana, sendo 44 apenas na sexta-feira. As operações da ICE são esperadas diariamente na região de Los Angeles pelos próximos 30 dias.
A mobilização da Guarda Nacional foi feita à revelia dos governos estadual da Califórnia e municipal de Los Angeles, por 60 dias, sob o Secretário de Defesa dos EUA.
Em sua rede social Truth Social, o presidente Donald Trump escreveu na noite de sábado:
“Se o governador Gavin Newscum, da Califórnia, e a prefeita Karen Bass, de Los Angeles, não puderem fazer seu trabalho, o que todos sabem que não podem, então o governo federal entrará em cena e resolverá o problema, DISTÚRBIOS & SAQUES, da maneira que deve ser resolvido!!!”
Um comunicado oficial da Casa Branca coloca a situação nos termos:
“Nos últimos dias, multidões violentas atacaram agentes do ICE e policiais federais que realizavam operações básicas de deportação em Los Angeles, Califórnia.”
“Essas operações são essenciais para conter e reverter a invasão de criminosos ilegais aos Estados Unidos. Diante dessa violência, os fracos líderes democratas da Califórnia abdicaram completamente de sua responsabilidade de proteger seus cidadãos.”
O memorando presidencial ainda abriu espaço para o emprego das Forças Armadas dos EUA para a repressão dos protestos:
“Além disso, o Secretário de Defesa pode empregar quaisquer outros membros das Forças Armadas regulares, conforme necessário, para aumentar e apoiar a proteção das funções e propriedades federais, em qualquer número que considere apropriado a seu critério.”
Os agentes da Guarda Nacional já começaram a chegar em Los Angeles neste domingo, e o Secretário de Defesa, Pete Hegseth, declarou que, se necessário, mobilizará os fuzileiros navais, que já estão em estado de alerta.
O vice-diretor do FBI, Dan Bogino, afirmou no sábado, em suas redes sociais, que a agência está investigando casos de manifestantes que estariam obstruindo as ações de deportação.
A onda de operações do governo federal dos EUA parece ter gerado inclusive certo desentendimento entre as forças repressivas. Em nota, a ICE afirmou que:
“Nossos corajosos agentes estavam em grande desvantagem numérica, pois mais de 1.000 manifestantes cercaram e atacaram um prédio federal.”
“Levou mais de duas horas para o Departamento de Polícia de Los Angeles responder, apesar de termos ligado várias vezes.”
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, do Partido Democrata, criticou a decisão do envio da Guarda Nacional em sua conta na rede social X: “Deliberadamente inflamatória e só aumentará as tensões.” Quanto aos comentários do presidente, o governador afirmou que “têm acesso imediato à assistência policial” e que “não há nenhuma necessidade não atendida”.
A situação na cidade ainda permanece incerta, e as tensões aumentam enquanto se trava um embate político entre os governos locais e a administração federal sobre como lidar com a crise.