
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta terça-feira (3) um decreto que aumenta as tarifas de importação sobre aço e alumínio de 25% para 50%. A medida entra em vigor à 00h01 desta quarta-feira (4) e foi anunciada oficialmente pela porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.
Segundo o republicano, a elevação das tarifas é necessária para proteger a segurança nacional e garantir a sustentabilidade das indústrias metalúrgicas americanas.
O decreto afirma que a tarifa anterior de 25% não foi suficiente para garantir a plena capacidade produtiva das indústrias nacionais. O novo valor, segundo o texto divulgado pela Casa Branca na rede social X (antigo Twitter), “proporcionará maior apoio a essas indústrias e reduzirá ou eliminará a ameaça à segurança nacional representada pelas importações de artigos de aço e alumínio e seus derivados”.
As tarifas sobre o aço e alumínio importados do Reino Unido permanecerão em 25% até o dia 9 de julho, prazo definido para que os dois países finalizem negociações sobre novas cotas ou alíquotas. Apesar de um acordo preliminar ter sido firmado em maio, ainda não houve consenso entre os governos sobre o grau de flexibilização nas tarifas para o aço britânico.
O Brasil, um dos três maiores fornecedores de aço para os EUA, será diretamente impactado pela medida. A tarifa de 25% já causava dificuldades às exportações brasileiras, e o aumento para 50% deve agravar ainda mais a situação do setor siderúrgico nacional.

No início de março, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) chegou a se reunir com membros do governo Trump, representando o presidente Lula (PT), para tentar adiar a medida contra o aço brasileiro, mas o pedido foi negado.
Na prática, a decisão de Trump revoga o acordo firmado em 2018, durante seu primeiro mandato, que estabelecia cotas de exportação para o aço brasileiro. A nova política adota uma abordagem mais agressiva com tarifas fixas elevadas.
A medida havia sido antecipada pelo republicano na última sexta-feira (31), durante um discurso em uma unidade da United States Steel, na Pensilvânia. Na ocasião, o presidente também apoiou a compra da empresa pela japonesa Nippon Steel, desde que ela permaneça sob “algum tipo de controle americano”.
“Com tarifa de 25%, eles até conseguem pular a cerca. Com 50%, não conseguem mais”, afirmou ele a trabalhadores da siderúrgica. “Isso significa que ninguém mais vai poder roubar a sua indústria.”
O aumento das tarifas ocorre em meio a negociações entre os EUA e diversos países para revisar as tarifas recíprocas de comércio, com prazo final até 9 de julho. A decisão de Donald Trump eleva a tensão com aliados comerciais e economias exportadoras de metais, como o Brasil, Reino Unido e Japão.
O poder do norte-americano para impor tarifas de forma unilateral continua sendo alvo de disputas judiciais. Uma corte federal já anulou tarifas impostas sob a Lei de Poderes Econômicos Internacionais de Emergência (IEEPA), mas a tarifa sobre o aço e o alumínio se baseia em uma autoridade legal distinta, o que mantém sua validade por ora.