No domingo (9), os membros do Partido Liberal do Canadá definiram o novo primeiro-ministro em substituição a Justin Trudeau. A opção foi pelo ex-banqueiro Mark Carney, e a sua escolha passa pelo embate do Canadá com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que abriu trincheira contra o país vizinho com ameaças em impor taxas comerciais de 25% para importações.
A votação dos membros do partido iniciou em 26 de fevereiro com possibilidade de voto online. A troca de comando ocorre após Trudeau renunciar em janeiro depois que sua popularidade caiu com a crise aberta por Trump e a insatisfação da população com preços de alimentos e habitação. Ele estava no cargo desde 2015.
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Carney recebeu na disputa interna do partido 86% dos votos e venceu a ex-ministra das Finanças Chrystia Freeland, a parlamentar Karina Gould e o ex-parlamentar Frank Bailys. Ele fica como principal líder do país até que novas eleições ocorram, o que deve ser uma de suas primeiras missões como primeiro-ministro: anunciar um cronograma que deve ocorrer até outubro.
A decisão sobre o primeiro-ministro é tomada pelo partido que tem o maior apoio na Câmara, ficando por quatro anos no cargo. O líder do governo tem o poder de dissolver o parlamento antes do prazo e convocar novas eleições, o que aconteceu com Trudeau em 2021, quando foi reconduzido ao cargo após seu partido vencer e o indicá-lo, o que ocorreu também em 2015 e 2019.
Banqueiro ‘experiente em crises’
Novato na política partidária, Carney tem 59 anos e consta no seu currículo passagem pelo banco Goldman Sachs, e as chefias do Banco Central do Canadá e do Banco Central da Inglaterra.
Em seu discurso após a vitória, o novo primeiro-ministro disse que enfrentará ameaças com novas ideias, que vencerá os EUA como no hóquei (esporte no gelo) e que não podem permitir a vitória de Trump, que quer o Canadá para ele.
Neste período em que Trudeau entrou em ostracismo, Carney teve sua imagem impulsionada pela defesa da retaliação aos EUA contra as possíveis taxações – constantemente adiadas.
O novo primeiro-ministro surfou nessa onda e se colocou como a pessoa certa para enfrentar Trump ao se vender como um economista que evitou maiores consequência ao país durante a crise financeira de 2008, quando estava como presidente do Banco Central do Canadá, além de estar à frente do Banco da Inglaterra durante o Brexit.
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O currículo que o coloca como experiente no enfrentamento a crises, não só alçou ao atual posto, mas serviu para impedir o derretimento completo do Partido Liberal. Quando tudo indicava que o partido perderia espaço para os Conservadores na próxima eleição, pesquisas já indicam um emparelhamento entre as duas forças desde que Carney veio à cena.
Ainda que se tenha dado um novo fôlego aos liberais, como uma consequência inesperada às medidas de Trump, as pesquisas mostram que tampouco Liberais ou Conservadores seriam capazes de montar um governo de maioria. O que aponta para a formação de coalizões.
Em todo o caso, os Liberais não querem perder este momento oportuno de crescimento e interlocutores já falam que Carney convocará o calendário para as próximas eleições em breve.
