O governo de Donald Trump iniciou a execução de sua prometida campanha de deportações em larga escala, divulgando imagens de detentos algemados embarcando em aviões militares. A Casa Branca informou que 538 imigrantes ilegais foram presos e “centenas” já foram deportados. Contudo, os números são menores em comparação com o total de 675 detidos em operações similares em 2017, quando Trump assumiu seu primeiro mandato.
Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, destacou a operação como um marco significativo, afirmando: “os voos de deportação começaram. O presidente Trump está enviando uma mensagem clara ao mundo: se você entrar ilegalmente nos Estados Unidos, enfrentará consequências severas”. Segundo ela, trata-se da “maior operação de deportação da história”.
Dentre os deportados, cerca de 80 guatemaltecos foram removidos em um avião militar C-17 na quinta-feira (23), com outro voo transportando número similar de pessoas durante a madrugada, conforme relatado por um funcionário do Departamento de Segurança Interna (DHS) que preferiu manter o anonimato.
Grupos de defesa dos imigrantes não tardaram a criticar a abordagem do governo. Tom Cartwright, da organização Witness at the Border, classificou o uso de aviões militares como um “teatro do absurdo”. “A única novidade aqui é submeter pessoas ao transporte em aviões de carga”, afirmou, lembrando que, no ano fiscal de 2024, o ICE realizou 508 voos para a Guatemala em aeronaves civis com capacidade média de 125 passageiros.
Em Newark, o prefeito Ras A. Baraka condenou uma ação do ICE que, segundo ele, resultou na detenção de cidadãos norte-americanos e imigrantes ilegais sem a devida apresentação de mandados. Um dos detidos, de acordo com Baraka, foi um veterano militar norte-americano que teve seus documentos questionados. “Newark não ficará de braços cruzados enquanto direitos estão sendo violados e pessoas são aterrorizadas ilegalmente”, declarou o prefeito.
As deportações também miraram cidades-santuário, onde as autoridades locais frequentemente recusam cooperar com agentes de imigração. O “czar da fronteira” de Trump, Tom Homan, destacou que essas áreas dificultam as operações, mas não impedem sua execução. “Cidades-santuário tornam o trabalho menos eficiente e mais perigoso, mas não vamos parar. Estamos atuando em todas elas”, afirmou.
Autoridades locais têm argumentado que não podem manter detidos por violações civis de imigração aqueles que já foram liberados sob fiança em processos criminais. Essas práticas, segundo defensores dos imigrantes, acabam intimidando comunidades inteiras, que passam a evitar reportar crimes por medo de deportações.
Embora o governo Trump tenha prometido deportar milhões de imigrantes, a realidade impõe limites. Estudos mostram que grande parte dos detidos em operações do ICE não têm histórico de crimes graves. De acordo com dados do final do governo Biden, 650 mil imigrantes ilegais com registros criminais estavam sendo monitorados, mas apenas 425 mil tinham condenações.