Muitas especulações têm norteado os debates sobre os Estados Unidos (e o mercado global) em torno do que se esperar do próximo mandato de Donald Trump à frente da presidência do país, principalmente por conta das promessas feitas durante a campanha.

“Ninguém sabe o quanto da agenda declarada de Trump é “de verdade” e o quanto dela é uma postura política para sua base, uma demonstração de poder para seus inimigos ou parte de uma estratégia de negociação com o Congresso e vários amigos e adversários estrangeiros”, afirma o economista Joseph Stiglitz, em artigo publicado no site Project Syndicate.

“Se apenas um punhado de legisladores republicanos mantiverem sua promessa de não aumentar o déficit orçamentário dos EUA, não há como o novo governo promulgar sua agenda econômica e manter o governo funcionando”, ressalta o articulista.

Além disso, Stiglitz diz que Trump “não poderá negar as leis da aritmética” nas próximas semanas, quando o governo norte-americano atingir o limite da dívida federal – enquanto os déficits do governo são a diferença entre receitas e despesas anuais, a dívida nacional é a soma dos déficits passados.

Nos Estados Unidos, o teto da dívida federal é estatutário: por lei, existe um limite para quanto pode ser emprestado. Em 28 de dezembro, a secretária do Tesouro Janet Yellen forneceu um aviso oficial de que o teto seria atingido “entre 14 e 23 de janeiro”.

Stiglitz lembra que, diante de um déficit fiscal mensal de US$ 367 bilhões em novembro e um déficit fiscal médio de US$ 150 bilhões por mês em 2024, não demorará muito para que o teto da dívida atual seja violado – e os cerca de US$ 110 bilhões adicionados no acordo de Natal para gastos com desastres e emergências não tornarão a tarefa mais fácil.

Enquanto isso, republicanos mais radicais afirmam que o teto não seja elevado, o que exigiria a eliminação do déficit por completo. Caso Trump não consiga convencer todos os republicanos, ele deverá convencer alguns democratas para fechar um novo acordo sobre o teto da dívida e déficits futuros.

“Mas por que os democratas concordariam em aumentar o teto da dívida se isso apenas permite que Trump recompense Musk e outros oligarcas por seu apoio, dando-lhes um corte de impostos massivo e injusto?”, questiona Stiglitz.

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Last Update: 06/01/2025