O presidente dos EUA, Donald Trump, de perfil, gritando, em close
O presidente dos EUA, Donald Trump – Reprodução

Donald Trump, o mitômano laranja, acaba de protagonizar mais um blefe de seu vasto repertório de enganações. Escolheu, desta vez, o palco convulsionado do Oriente Médio como cenário. Por meio de sua rede social — literlamente sua, pois é o proprietário — anunciou que Irã e Israel teriam chegado a um “cessar-fogo completo”, com vigência prometida para as 24 horas seguintes.

Sem qualquer confirmação oficial, a mídia sionista, neste caso representada pela Reuters, apressou-se em divulgar a “notícia”. A máquina de propaganda sionista, encastelada nas redações mundo afora, cumpriu seu papel habitual de amplificar a farsa, conferindo à impostura o estatuto de fato consumado.

Em menos de uma hora, a resposta veio de Teerã, firme e inequívoca: não houve acordo algum. A Tehran Times expôs o embuste, classificando o anúncio de Trump como uma mentira deliberada, uma manobra cínica destinada a fomentar dissensão interna no Irã e a fragilizar a autoridade de seu governo.

A tática é transparente: fabricar uma paz imaginária para, em seguida, acusar o Irã de ter “rompido” um pacto inexistente e, assim, justificar novas ofensivas sob o verniz da legitimidade moral.

Esse cinismo, contudo, está longe de ser novidade. Trump fez da mentira seu instrumento mais eficaz, e também o mais perigoso. No caso iraniano, mente para manipular a opinião pública, reescrever os fatos e pavimentar o caminho para a escalada militar.

Mente porque sabe que pode, já que a imprensa dominante e as big techs ainda o tratam como ator político legítimo, mesmo após ter sido condenado, em duas ações judiciais, por crimes incontestáveis. Mente porque os Estados Unidos já não possuem força nem decência para punir seus criminosos de colarinho alaranjado.

Prédio alvejado por ataque israelense em Teerã
Prédio alvejado por ataque israelense em Teerã – AFP

Se os Estados Unidos fossem uma democracia minimamente séria, um personagem como Trump estaria atrás das grades, e não alçado ao comando da nação. Sentenças não lhe faltam. Já foi condenado em duas ocasiões e, numa terceira, o processo foi paralisado unicamente porque o delinquente precisava ser empossado.

A falência moral da república estadunidense e de sua democracia pré-falimentar permitiu que essa figura grotesca retornasse ao centro da cena política, apesar de um histórico que mescla crimes, insurreições e insultos sistemáticos à verdade. Trump é um delinquente político, sustentado por um sistema que já não distingue a lei do espetáculo, nem a verdade da conveniência.

Enquanto isso, o Irã, reiteradamente atacado por Israel com a anuência de Washington, seguirá legitimamente, à luz do direito internacional, com sua política de retaliação. Fechará o Estreito de Ormuz, responderá às agressões e manterá, ainda que tragicamente, uma postura reativa, essencialmente defensiva. Lamentavelmente, isso é tudo o que o mundo não precisa.

O verdadeiro risco, portanto, não reside em Teerã, mas em Washington. Mais precisamente, no interior de uma engrenagem de poder que permite a um fascista midiático como Trump moldar a realidade ao sabor de seus interesses mais obscuros. Sua permanência no debate público não constitui apenas um escândalo democrático: é um sintoma grave do colapso ético do Ocidente.

Trump não é um excêntrico inofensivo. É um perigo concreto, uma ameaça sistêmica, um incendiário travestido de estadista. O mundo, se ainda quiser preservar qualquer resquício de civilização e ordem, precisa nomeá-lo com exatidão: um mentiroso compulsivo, um criminoso político, um delinquente fascista, um risco global.

Enquanto esse ancião infantilizado e mimado, no auge do ocaso de sua testosterona, continuar empoderado, o mundo viverá sob risco extremo. A história já nos ensinou, muitas vezes, o que acontece quando se escolhe tolerar o intolerável.

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Last Update: 24/06/2025