O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, se encontraram na noite desta segunda-feira (7) para um jantar privado na Casa Branca. Foi o terceiro encontro em menos de três meses, e serviu para reforçar um alinhamento que mergulha em interesses pessoais, eleitorais e ideológicos.

Sem qualquer aceno à comunidade internacional ou ao direito humanitário, os dois voltaram a defender o deslocamento da população palestina da Faixa de Gaza. Também trataram da guerra na Ucrânia, do Irã, de uma possível indicação ao Nobel da Paz para Trump e, nos bastidores, do fortalecimento de Netanyahu no poder, apesar das graves acusações de corrupção que enfrenta.

Insistência na retirada de palestinos de Gaza

Logo no início do encontro, Trump e Netanyahu confirmaram que estão buscando países dispostos a receber palestinos que vivem na Faixa de Gaza. “Se as pessoas quiserem ficar, podem ficar, mas se quiserem sair, devem poder sair”, disse Netanyahu, apresentando a iniciativa como uma solução “humanitária”, ainda que não tenha especificado quais seriam esses países ou as condições oferecidas.

A proposta de esvaziar Gaza já havia sido defendida em ocasiões anteriores. Trump, em fevereiro, sugeriu transformar o território devastado por bombardeios em uma “riviera do Oriente Médio”, com resorts e infraestrutura turística. Netanyahu, por sua vez, declarou publicamente em maio que pretende “dominar toda a Faixa de Gaza”. A retórica disfarça uma política que flerta perigosamente com práticas de limpeza étnica.

Cessar-fogo entre Israel e Hamas ainda em negociação

Enquanto o mundo aguarda um cessar-fogo entre Israel e Hamas, os dois líderes demonstraram pouco compromisso com a resolução imediata do conflito. Netanyahu evitou comentar o assunto, e Trump limitou-se a dizer que acredita que um acordo possa ser fechado “ainda nesta semana”. “Acho que estamos perto de um entendimento”, afirmou.

A proposta liderada pelos EUA inclui trégua nos bombardeios, libertação de reféns e troca de prisioneiros, além da retirada parcial das tropas israelenses. O Hamas sinalizou adesão ao plano, mas, até o momento, nenhum avanço concreto foi anunciado.

O encontro serviu para reafirmar a disposição de Israel em manter a ofensiva e remodelar Gaza a seu gosto.

Trump volta a prometer armas à Ucrânia

Apesar de ter suspendido o envio de armamento à Ucrânia recentemente, Trump afirmou durante o jantar que os EUA precisam reforçar o apoio militar ao país. “Temos que fazer isso. Eles precisam ser capazes de se defender”, disse o presidente.

Pouco depois da declaração, o Pentágono anunciou um novo pacote de envio de armas ao Exército ucraniano, reacendendo o compromisso dos EUA na guerra contra a Rússia e demonstrando que mesmo decisões de alto impacto bélico podem ser tratadas de forma improvisada, ou oportunista, por Trump.

Acordo nuclear e alívio de sanções ao Irã

O Irã também entrou na pauta. Trump disse que os EUA vão retomar negociações sobre o acordo nuclear e que espera suspender as sanções “em algum momento”. Netanyahu, por outro lado, usou o jantar para agradecer pessoalmente os bombardeios norte-americanos a instalações nucleares iranianas no mês passado, que resultaram em um frágil cessar-fogo entre Teerã e Tel Aviv.

Indicação ao Nobel da Paz

Um dos momentos enfáticos do jantar foi a entrega, por parte de Netanyahu, de uma carta com a indicação de Trump ao Prêmio Nobel da Paz. O primeiro-ministro alegou que a nomeação foi motivada pelos “esforços” do presidente norte-americano em promover a paz no Oriente Médio. Segundo as regras do Nobel, a indicação pode ser feita por autoridades políticas e acadêmicas de todo o mundo.

Apoio político direto a Netanyahu

Nos bastidores, o jantar também teve um objetivo velado: manter Netanyahu no poder. Trump tem se empenhado em blindar o aliado, mesmo diante de denúncias graves de corrupção e abusos. Em junho, criticou os promotores israelenses responsáveis pelo julgamento do primeiro-ministro, alegando que o processo enfraquece o país em sua luta contra Hamas e Irã.

Aliados da linha-dura do governo israelense afirmam que o fortalecimento de Netanyahu é essencial para avançar com a normalização de relações com países como Arábia Saudita, Síria e Líbano — um “novo Oriente Médio” sob controle israelense, com respaldo americano.

Leia também:

Acompanhe as últimas notícias:

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 08/07/2025