O jornal liberal israelense Hareetz publicou matéria informando que a “decisão surpreendente do presidente Joe Biden de se afastar e desistir de um segundo mandato” não mudará efetivamente a posição dos Estados Unidos no conflito entre o país artificial e a Resistência Palestina. De acordo com o ex-diplomata e colunista sênior do jornal israelense Ariel Levy, a política norte-americana será coordenada “vis a vis com Biden e não Kamala”. A candidata, segundo Levy, estará muito ocupada disputando as eleições, evitando tocar em “assuntos espinhosos”.
Ariel Levy também afirma que a política sionista será seguida independentemente do governo, e afirma que insegurança dos eleitores que apoiam “Israel” em Harris, é “idiotice pura”, pois Trump não ligaria a mínima para o Oriente Médio.
“Eu posso entender a insegurança, as incertezas que os israelenses têm sobre Kamala Harris”. “Mas eles teriam o mesmo sobre Gavin Newsom, o governador da Califórnia, ou Gretchen Whitmer, a governadora de Michigan, ou qualquer outro democrata concorrendo, porque é uma questão geracional”, afirmou o colunista.
Levy reforça que Trump não tem como foco o Oriente Médio, já os democratas teriam uma política sincronizada com o sionismo. É citado pelo articulista que a posição de Trump forneceria somente um auxílio “transacional”, na forma de empréstimos e não um apoio real. Além disso, o colunista israelense critica discursos do líder político republicano sobre não apoiar a Ucrânia na guerra contra a Rússia, chegando a cogitar um apoio do candidato republicano ao Putin, além do “não apoio” de Trump aos sauditas, contra os ataques do Ansar Alá.
Na já tradicional Análise Internacional, transmitida no canal de YouTube COTV, o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, reforçou o que afirmou o jornal liberal de “Israel”:
“Para dar continuidade a política externa norte-americana é necessária a vitória dos Democratas”.
O dirigente explica que a diferença não é entre conservador e liberal, mas que o problema é a política externa, em comparação com a qual, a ideologia seria “micharia”:
“O que não é aceitável para o aparelho imperialista norte-americano é a política externa do Trump. Na melhor das hipóteses, para o imperialismo, ele não vai se empenhar em nada do que está acontecendo fora dos Estados Unidos. Ele vai se empenhar em relação à China, porque aí é um problema econômico para os EUA. o resto ele não liga.”
Pimenta acrescenta ainda que “é por isso que toda a imprensa relacionado ao imperialismo apoia Kamala Harris, é uma unanimidade”.
Roberto Silva, comandante reservista da Marinha brasileira e participante permanente do programa de debate, denunciou a retirada de Biden como um “golpe brando”, orquestrado por parte de setores mais poderosos do Partido Democrata. Além disso, reforçou o que Pimenta afirmou, ou seja, não existe diferença real entre Joe Biden e Kamala Harris. Ambos seguem a política da cúpula mais importante do imperialismo.
Abstraindo a ideologia, fica escancarado que os democratas são ainda mais sionistas do que Trump devido à política externa. Sobre o tema, o dirigente do PCO afirma que a crise é enorme, restando à Harris apelar para a despolitizada batalha entre democracia e fascismo:
“O que eles tem de vantagem é a campanha de que Trump é fascista e eles são democratas, que é uma campanha mentirosa, porque Trump é fascista e eles são fascistas iguais”, afirmou o presidente do PCO.
Crise norte-americana
Pimenta afirma, por fim, que a vitória do Trump acentuaria a crise do imperialismo, o que, tecnicamente, seria oposto da campanha realizada pela imprensa burguesa e repercutida pela esquerda pequeno-burguesa, de que a vitória da democrata seria o “mal menor”. O líder da legenda comunista, afirma que os dois são “fascistas iguais”, porém a agressividade mais acentuada da política externa dos democratas os torna mais alinhados aos interesses do sionismo. Essa política, em última instância, é o prenúncio da Terceira Guerra Mundial.