O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta terça-feira (3) um decreto que dobra as tarifas de importação sobre aço e alumínio, saltando de 25% para 50%. A medida entrou em vigor à 1h01 (horário de Brasília) desta quarta-feira (4) e representa um duro golpe para o Brasil, segundo maior fornecedor de aço ao mercado norte-americano.
Segundo o governo dos EUA, a decisão visa proteger a indústria local da concorrência externa. As tarifas anteriores, argumenta a Casa Branca, não foram suficientes para barrar a entrada de materiais que comprometem a competitividade das siderúrgicas e metalúrgicas americanas. A nova escalada, diz Washington, é necessária para garantir a saúde do setor e atender às exigências de segurança nacional.
Brasil entre os mais afetados
Dados do Departamento de Comércio dos Estados Unidos confirmam o peso do Brasil no fornecimento de aço ao país. Em 2024, foram 4,1 milhões de toneladas de aço exportadas ao mercado norte-americano. O Brasil ficou atrás apenas do Canadá, com 5,95 milhões de toneladas, e à frente do México, que enviou 3,2 milhões de toneladas no mesmo período.
Com esse volume, o Brasil se torna um dos alvos mais atingidos pela nova taxação, especialmente na exportação de aço semiacabado, insumo que precisa ser processado antes de virar produto final, como chapas, tubos e perfis. O setor já se vê sob forte pressão e teme uma retração significativa nos embarques.
Alumínio também entra na nova regra
Embora tenha peso menor que o aço na balança comercial, o alumínio também entra no pacote de aumento tarifário. Em 2024, o Brasil exportou US$ 267 milhões em produtos de alumínio aos Estados Unidos, cerca de 16,8% de suas vendas externas totais do setor. Ainda que represente menos de 1% das importações americanas do metal, a nova tarifa de 50% pode frear o ritmo dos embarques brasileiros.
Histórico de protecionismo
Em 2018, durante seu primeiro mandato, Trump já havia imposto tarifas de 25% sobre o aço importado. Posteriormente, o Brasil viu sua cota de aço semiacabado reduzida. Com a chegada de Joe Biden ao poder, em 2022, as restrições foram revogadas.
Com a decisão de retomar e ampliar as barreiras tarifárias, Trump recoloca a política comercial agressiva no centro, reacendendo tensões com parceiros estratégicos como o Brasil.
Reação ainda em compasso de espera
Até o momento, o governo brasileiro e o Instituto Aço Brasil, entidade que representa a siderurgia nacional, não se pronunciaram oficialmente sobre a medida.
A Casa Branca, por sua vez, confirmou que enviou nesta terça-feira cartas a diversos países solicitando propostas de acordo até esta quarta-feira (4), sobre as tarifas impostas a todos os produtos importados, incluindo aço e alumínio. O Brasil ainda não confirmou o recebimento da comunicação.