Trump cogita não proteger Zambelli nos EUA

Integrantes do círculo político de Donald Trump indicaram a aliados próximos da deputada Carla Zambelli (PL-SP) que um eventual pedido de extradição apresentado pelo governo brasileiro deverá ser rejeitado pelas autoridades dos Estados Unidos. A informação foi divulgada pela coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo.

A sinalização fez com que Zambelli reconsiderasse seus planos iniciais de buscar refúgio na Itália, país que mantém tratado de extradição com o Brasil.

Segundo relatos, a deputada avalia a possibilidade de alterar seu destino e dirigir-se aos Estados Unidos, apostando em uma eventual proteção política durante uma eventual nova administração republicana, caso Trump vença as eleições presidenciais de novembro.

A mudança de rota dependerá, porém, de garantias mais concretas por parte das autoridades norte-americanas quanto à possibilidade de permanecer no país sem risco de extradição. Até o momento, a parlamentar segue oficialmente com planos de viajar à Itália, decisão que poderá ser revista apenas se houver posicionamento mais firme dos Estados Unidos.

Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento em episódios ocorridos durante o segundo turno das eleições presidenciais de 2022. Ela foi responsabilizada por porte ilegal de arma de fogo e por perseguir um homem armado nas ruas de São Paulo. A ação foi registrada em vídeo e gerou repercussão ampla à época.

A condenação reforçou os temores da deputada em relação a uma possível ordem de prisão. A pena determinada pelo STF inclui medidas restritivas e suspensão de direitos políticos, o que teria acelerado os planos de saída do país. Zambelli integra a ala considerada mais alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro, com quem mantém proximidade política desde o início de seu mandato.

Ainda não há confirmação oficial sobre a data da viagem. Pessoas próximas afirmam que Zambelli está em local não revelado e tem evitado aparições públicas e declarações à imprensa. O silêncio acompanha a estratégia de manter discrição enquanto negociações paralelas avançam com interlocutores internacionais.

Nos bastidores, a expectativa é de que um eventual retorno de Trump à Casa Branca fortaleça a rede de proteção a políticos bolsonaristas que alegam perseguição política no Brasil. Os Estados Unidos, no entanto, possuem legislação específica para tratar de pedidos de asilo ou refúgio, o que torna incerta qualquer decisão antecipada.

A Itália, destino inicialmente previsto, é signatária de acordos de extradição com o Brasil que se estendem mesmo a pessoas com dupla cidadania. O país europeu também possui histórico de cooperação com autoridades brasileiras em casos criminais.

A eventual permanência de Zambelli em território norte-americano dependeria de uma avaliação jurídica sobre os motivos de sua condenação e os fundamentos de um possível pedido de extradição. A legislação dos Estados Unidos prevê análise criteriosa sobre perseguição política, mas também considera a gravidade das acusações imputadas.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil não confirmou se há tratativas formais em andamento para solicitar a extradição da deputada. Até o momento, não há manifestação do governo federal sobre os passos da parlamentar.

Zambelli foi eleita deputada federal por São Paulo em 2018 e reeleita em 2022. Durante os mandatos, se destacou por discursos de oposição ao Judiciário e por apoiar pautas ligadas ao armamento civil. O episódio envolvendo a perseguição armada de um cidadão durante o período eleitoral foi decisivo para sua condenação.

A decisão do STF ocorre em um momento de aumento na responsabilização judicial de políticos ligados ao bolsonarismo. Além de Zambelli, outros parlamentares e ex-auxiliares do governo Bolsonaro também são alvo de investigações e ações penais.

A deputada não se manifestou publicamente sobre a possibilidade de mudar o destino da viagem. Até o momento, não há confirmação oficial de que ela tenha feito qualquer solicitação de entrada nos Estados Unidos. O Itamaraty também não informou se houve contato com autoridades norte-americanas a respeito do caso.

A expectativa é de que qualquer mudança na estratégia de Zambelli só seja definida após a consolidação de um cenário mais favorável no exterior. A proximidade das eleições norte-americanas e a indefinição quanto à sucessão presidencial nos Estados Unidos são fatores considerados centrais na decisão.

Caso opte pelos Estados Unidos, a deputada poderá entrar com pedido de asilo político, mecanismo previsto pela legislação norte-americana para indivíduos que alegam risco de perseguição. A concessão, no entanto, depende de avaliação das circunstâncias do caso e da existência de elementos que sustentem a alegação de risco pessoal.

Zambelli permanece, por ora, fora dos holofotes, sem previsão de aparições públicas ou posicionamentos oficiais sobre os próximos passos.

Artigo Anterior

Lula empata com todos os nomes da direita nas eleições de 2026, diz pesquisa

Próximo Artigo

Educação pode perder recursos para evitar aumento do IOF

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!