O presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, chega à marca de 100 dias de governo tendo decidido colocar à prova o seu plano de mandar para o espaço as bases do comércio livre com o mundo, determinado a forçar a Ucrânia a um acordo de paz com a Rússia e desafiado a conter o risco de subida da inflação por conta da sua política tarifária. Com tudo isso em conta, os números de aprovação do segundo mandato do republicano estão em queda.
Na noite desta segunda-feira 28, véspera do centésimo dia de governo, uma pesquisa da rede CBS News mostrou que há uma crença generalizada nos Estados Unidos de que Trump foca demais nas tarifas, enquanto não tem dado atenção suficiente a políticas para reduzir os preços.
No levantamento feito entre 23 e 25 de abril, que ouviu 2.365 pessoas, 69% disseram que o republicano não faz o suficiente para conter a subida da inflação nos EUA. A pesquisa também mostrou que:
- Apenas 26% consideram que Trump faz o suficiente para conter a inflação;
- E outros 62% acham que o republicano se dedica excessivamente à questão das tarifas.
A significativa maioria (75%) reconhece que Trump tem promovido mudanças profundas nos EUA, enquanto somente 16% acham que ele tem feito poucas mudanças. Outros 9% acreditam que Trump não tem feito mudanças no país norte-americano.
Nesse contexto, a aprovação geral do governo Trump atingiu a marca mínima de 45%. Enquanto isso, 55% desaprovam a gestão do republicano. A trajetória de aprovação do segundo mandato dele está em queda:
- No início de fevereiro, era 53%;
- No início de março, o índice caiu para 51%;
- Em 30 de março, foi a 50%, em nova queda;
- No dia 13 de abril, já depois do anúncio do ‘tarifaço’, a aprovação caiu para 47%;
- Agora, a aprovação atingiu 45%.
Avaliação em 100 dias
A grande questão passa por saber se a marca de 100 dias de governo é suficiente para se avaliar uma gestão. No caso de Trump, é especialmente importante considerar que a resposta para essa dúvida é positiva, uma vez que foi o próprio republicano que prometeu, antes de chegar à Casa Branca, um verdadeiro choque (rápido) de gestão.
Da sua volta ao poder até esta terça-feira 29, o governo do republicano vem cortando gastos em órgãos e agências cruciais para o funcionamento do Estado norte-americano – o que inclui recursos para a Educação, por exemplo –, reduzindo o direito de minorias, aplicando uma severa política de deportação e, como mencionado, apontando suas armas tarifárias em uma intensidade jamais vista na história econômica recente.
Segundo o levantamento, 57% consideram que os 100 dias constituem tempo suficiente para avaliar o governo Trump. Boa parte desse percentual é formado por democratas de oposição a Trump, bem como por eleitores independentes. Por outro lado, 43% acham que ainda é cedo para julgar o segundo mandato do republicano.
Seja como for, Trump está cumprindo o que prometeu na campanha do ano passado, quando impôs uma derrota amarga à democrata Kamala Harris. Assim, o levantamento também apontou que:
- 61% consideram que Trump está cumprindo o que prometeu (entre os eleitores de Trump, esse índice sobe para 87%);
- 39% acham que Trump está agindo de maneira diferente ao que havia prometido em campanha (entre os eleitores dele, esse índice cai para 13%).
Desconfiança com a economia
Alegando que a gestão Joe Biden foi incapaz de melhorar a economia dos EUA, Trump retornou ao poder dizendo que consertaria as coisas. Nesses 100 primeiros dias de gestão, porém, ele ainda não conseguiu convencer o país disso. Segundo o levantamento:
- 53% acham que a economia dos EUA está ficando pior por conta das políticas de Trump;
- 28% acham que a economia norte-americana está melhorando por conta do segundo mandato do republicano;
- 19% acreditam que a economia está igual.
Não é apenas sobre a economia, de modo geral, que a impressão majoritária tem sido negativa. Quase metade dos entrevistados disseram que suas próprias finanças pessoais estão piorando sob Trump. Assim:
- 48% disseram que estão financeiramente piores desde a volta de Trump ao poder;
- 33% se consideram no mesmo patamar financeiro de antes;
- 19% apontaram que estão melhores financeiramente.
Em um quadro mais amplo, a avaliação sobre a condução econômica de Trump está em queda. Segundo o levantamento, 51% aprovavam a condução feita pelo republicano à economia do país. Esse percentual caiu para 48% no final de março, e voltou a cair para 44% no dia 13 de abril. Agora, confirmando a trajetória descendente, o percentual está em 42%.
Os dados também são problemáticos para o governo Trump quando se avalia o tratamento dado ao governo à inflação. Com uma margem de erro de 2,4%, eles mostram o seguinte:
- No início de março, 46% aprovavam a condução do governo sobre a inflação;
- No final do mês passado, o índice caiu para 44%;
- No último dia 13 de abril, outra queda: 40%;
- Agora, o índice de aprovação está em 38%.
Os dados mais recentes sobre a inflação nos EUA, que podem ser medidos por um índice conhecido como Personal Consumption Expenditure (PEC), mostram um avanço de 0,3% em fevereiro, na comparação com janeiro. Em um ano, a subida é de 2,5%.
Trump diz que a inflação está em queda, mas não apresentou dados que comprovem a hipótese. Na próxima quarta-feira 30, o índice de preços com consumo será atualizado, o que costuma ser a principal baliza para as decisões do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA.