No programa Análise da Terça desta semana, transmitido pela Rádio Causa Operária, o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, dedicou parte importante de sua análise às contradições da política de Donald Trump, especialmente em relação à repressão aos imigrantes, às manifestações em curso nos Estados Unidos e ao comportamento do governo brasileiro diante das agressões da entidade sionista. Pimenta também comentou a defesa dos direitos democráticos diante do avanço do aparato repressivo do Estado, mesmo quando a ofensiva tem como alvo setores da direita.

Sobre a política migratória de Trump, Rui destacou que se trata de uma medida demagógica e contraditória com a própria necessidade do ex-presidente de manter uma base popular. “A política migratória do Trump é um ponto fraco, embora ele considere que seja um ponto forte. Trata-se de uma política demagógica. Ela visa seduzir o trabalhador, o elemento da classe média que vê os imigrantes como uma competição com o trabalho local”, afirmou.

Ele ressaltou que, apesar da ampla rejeição à imigração em setores da sociedade norte-americana, a repressão contra os imigrantes é impopular. “Não adianta você achar que, porque existe uma opinião ampla contra a imigração, o pessoal vai apoiar a repressão contra os migrantes”, explicou. “A política do Trump pretende ser popular: aumentar o emprego, os salários, reduzir os impostos sobre horas extras. E ela precisa ser popular porque, caso contrário, como ele enfrentaria o bloco político imperialista? Não tem como. Ele precisa de uma base popular. Aí temos uma contradição: uma pessoa que quer ter uma política popular está reprimindo a população.”

Rui observou ainda que essa situação não é exclusiva dos Estados Unidos, mas comum nos países imperialistas. “Todos eles têm escassez de mão de obra quando a economia está aquecida. Os nativos tendem a rejeitar trabalhos que consideram muito degradantes, então vem o pessoal de fora e toma conta desses empregos.”

Questionando a repressão como método, Pimenta argumentou que ela representa um risco político para Trump: “Esse negócio da repressão contra os imigrantes, a população não apoia. Uma coisa é uma lei que proíba isso ou aquilo; outra coisa é apoiar que agentes do Estado saiam pelas ruas descendo o sarrafo em todo mundo.”

A própria composição do eleitorado de Trump é outro fator que torna essa política contraditória, segundo o dirigente do PCO. “Uma parte do eleitorado do Trump é de origem mexicana. Esse pessoal não vai querer repressão. Os jovens mais radicais também não. Trump acabou amaciando o discurso por causa disso.”

Rui também analisou as manifestações em curso nos Estados Unidos, muitas das quais têm sido interpretadas como resultado de manipulação externa ou agitação artificial. “Os trumpistas acusam as manifestações de serem feitas por agitadores pagos. É evidente que o governador da Califórnia está apoiando o que está acontecendo contra o Trump. O fato de ele estar apoiando mostra que também não se trata de uma grande mobilização como pareceu no começo — pelo menos a parte violenta —, senão ele não apoiaria.”

Ele destacou que, embora haja indícios de montagem, a mobilização é legítima: “Achamos que a manifestação, embora possa ter sido uma manifestação montada, é legítima — isso porque a reivindicação é legítima, não é inventada. Diferente, por exemplo, do Euromaidan, em que o pessoal reivindicava a União Europeia — isso não é uma reivindicação popular.”

Sobre a violência, Rui foi categórico: “O Estado é responsável pela violência contra a população. Se o Estado é violento, a população vai reagir violentamente.” Ao mesmo tempo, ponderou que não é possível afirmar com certeza se as manifestações foram manipuladas: “Fica no ar, de fato, se isso aí não foi plantado. Mas, daqui, é difícil analisar esse tipo de coisa.”

A análise prosseguiu com duras críticas à posição do governo Lula diante do ataque da entidade sionista contra a Flotilha da Liberdade, que levava ajuda humanitária à Faixa de Gaza. “Tivemos o caso da flotilha, e o governo soltou uma nota xoxa, depois de muita pressão. Não denunciou que ‘Israel’ cometeu uma ilegalidade ao sequestrar pessoas em águas internacionais, nem exigiu o retorno dos brasileiros capturados ilegalmente. É uma posição covarde diante do sionismo.”

Rui relacionou essa omissão à política contraditória do governo Lula em relação ao genocídio na Palestina. “O Lula falou várias vezes que o que acontece na Faixa de Gaza é genocídio, mas as ações dele desmentem essa declaração.

Por fim, o dirigente do PCO voltou a abordar o papel da esquerda diante da ofensiva do Judiciário contra a extrema-direita. Para Rui, não se trata de defender a extrema-direita, mas os direitos democráticos de toda a população. “O pessoal acha ruim que a gente defenda os direitos que são de toda a população, não da direita, quando a perseguição judicial se volta contra a extrema-direita. Não, é um erro isso.”

Ele alertou para a simplificação política e os perigos de apoiar o aparato repressivo do Estado: “Extrema-direita é muita gente, não são uns malucos com a suástica embaixo do braço. O Bolsonaro teve mais de 58 milhões de votos. Todos eles são fascistas? Não. Precisa conversar com as pessoas, e essas pessoas não defendem as estripulias do STF. Não é porque você defende que é bom.”

Pimenta concluiu destacando a importância da defesa firme dos direitos democráticos, sem seletividade ideológica. “Depois o pessoal fala que somos sectários, mas olha isso aí.”

O programa Análise da Terça vai ao ar todas as terças-feiras, às 12h30, no canal da Rádio Causa Operária no YouTube.

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Last Update: 11/06/2025