As ações do governo Trump, nos Estados Unidos, como a imposição de tarifas horizontais contra vários países, sem critérios técnicos aparentes, causou uma reação financeira e monetária inesperada, e deu marcha à discussão sobre o colapso do sistema monetário internacional.
Em entrevista ao programa TV GGN 20 Horas [assista abaixo], o economista Rogério Studart, doutor pela Universidade de Londres e ex-diretor-executivo do Brasil no Banco Mundial e no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), apontou que a desconfiança em relação aos EUA está no ápice e que há um desejo, em vários países, de se desligar do dólar.
Durante a entrevista ao jornalista Luis Nassif, Studart comentou sobre as tensões atuais no sistema monetário internacional causadas pelas ações dos EUA, a erosão da confiança no dólar como moeda de reserva, a busca por alternativas como o ouro e outras moedas, e o potencial papel das criptomoedas como ativos especulativos e possíveis ferramentas de poder financeiro privado, em meio a um cenário global de avanço lento e aumento da desigualdade.
Desconfiança geral
Historicamente, países asiáticos, especialmente a China, acumulavam ativos em dólares (dólar, títulos do tesouro, títulos privados) como reserva devido aos déficits comerciais americanos. No entanto, a sanção monetária imposta pelos EUA aos ativos da Rússia em dólares após a invasão da Ucrânia abalou a confiança desses países. Isso gerou uma desconfiança significativa de que os EUA poderiam usar essa dívida como forma de sanção para qualquer coisa.
A percepção de que o Trump poderia entrar em uma rota de inadimplência ou renegociação drástica da dívida americana agrava a situação. Essa ação poderia gerar um colapso do sistema monetário internacional em uma economia financeiramente integrada. O setor financeiro reagiu rapidamente a essa possibilidade, temendo um fenômeno similar à crise de 2009, caso parceiros comerciais e financeiros começassem a se desfazer de seus ativos em dólares.
Frente à desconfiança em relação aos EUA e ao desejo de independência sobre o dólar, países estão começando a diversificar suas reservas, com bancos centrais aumentando suas reservas de ouro. Há também discussões de longa data, como no BRICS, sobre como diversificar em relação ao dólar ou criar um sistema monetário paralelo, que agora se tornaram mais significativas.
As intenções de Trump
As criptomoedas, segundo Studart, são um possível destino para onde as pessoas podem correr. Ele citou que existe uma “teoria conspiratória” que sugere que a turbulência criada por Trump poderia ser uma estratégia para promover a privatização das moedas com blockchains.
A volatilidade das criptomoedas permite que insiders, incluindo figuras presidenciais ou grandes players como Elon Musk, causem movimentos de preço significativos com simples anúncios. Isso levanta a preocupação de que o controle da política monetária possa ser transferido para big techs ou detentores de criptomoedas.
Originalmente, criptomoedas como Bitcoin foram criadas como mecanismos de pagamento descentralizados que buscavam substituir sistemas como o Swift, não passando por bancos e facilitando transferências, inclusive para “negócios obscuros”.
No entanto, elas se tornaram principalmente ativos especulativos, retidos por quem acredita que irão valorizar, incorporando dinheiro do crime organizado e beneficiando-se do combate a paraísos fiscais. Embora alguns lugares como El Salvador as aceitem como meio de pagamento, sua adoção como moeda internacional completa é vista como um “culto libertário” com pouca base real.
Não se descarta, ainda, a possibilidade de que as ações de Trump sejam uma mistura do desconhecimento de economia básica, da sua trajetória como homem de negócios (negociando dívidas de forma agressiva) e de uma visão de que a dívida americana se tornou insuportável. Suas negociações com grandes corporações e bancos são vistas como um “balcão de negócios”.
Assista a entrevista completa abaixo:
Este texto foi escrito com auxílio de I.A. e editado pela equipe de jornalismo do GGN.