O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou nesta segunda-feira 7 as primeiras cartas anunciando novas tarifas a países com os quais não avançou em acordos comerciais, e afirmou que Japão e Coreia do Sul terão tarifas adicionais de 25%.

Em duas cartas praticamente idênticas, Trump indicou que as novas tarifas sobre Japão e Coreia do Sul entrarão em vigor em 1º de agosto, uma vez que as relações comerciais estão “infelizmente longe de serem recíprocas“.

No caso da Coreia do Sul, trata-se da mesma tarifa que Trump já havia anunciado em abril, enquanto para o Japão ela foi levemente aumentada em relação aos 24% inicialmente previstos pelo ex-presidente republicano.

Trump já havia antecipado que enviaria nesta segunda-feira um primeiro lote de cartas a 15 parceiros comerciais, nas quais reforça a necessidade de se chegar a um acordo para evitar esses encargos.

O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, havia declarado no domingo que não “cederia facilmente” nas negociações comerciais com Washington.

Inicialmente, as novas tarifas estavam previstas para entrar em vigor em 9 de julho, mas o prazo agora foi estendido para 1º de agosto.

Trump assinará nesta segunda-feira um decreto para oficializar essa decisão, informou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.

‘Mudança de tom’

Trump impôs tarifas de 10% a quase todos os seus parceiros comerciais em abril e ameaçou com taxas ainda mais altas algumas economias, como a União Europeia.

Mas pouco depois, diante do abalo causado na economia, anunciou uma pausa. Washington acredita que conseguirá fechar diversos acordos antes disso.

“Vamos fazer vários anúncios nas próximas 48 horas”, disse o secretário do Tesouro, Scott Bessent, nesta segunda-feira em entrevista à CNBC.

“Muitos mudaram de tom nas negociações. Meu e-mail ontem à noite estava cheio de novas ofertas, muitas novas propostas”, afirmou Bessent.

O secretário do Tesouro disse que nas cartas Trump lembrará aos países a alíquota da tarifa que seus produtos deverão pagar, a menos que queiram “voltar e tentar negociar”.

Até agora, Trump só fechou acordos comerciais com Reino Unido e Vietnã.

Bessent prevê reunir-se com seu contraparte chinês nas próximas duas semanas.

Estados Unidos e China concordaram em reduzir até meados de agosto as tarifas recíprocas, que chegaram a atingir níveis de três dígitos. As duas partes mantêm até agora negociações de alto nível em Genebra e Londres.

A Comissão Europeia informou que a chefe da UE, Ursula von der Leyen, teve no domingo uma “boa troca de ideias” com Trump sobre comércio.

Mas o presidente americano ameaçou com uma tarifa adicional de 10% os países que se alinharem ao Brics, depois de o bloco expressar sua “séria preocupação” com medidas tarifárias unilaterais que “distorcem o comércio” mundial.

Trump classificou o bloco fundado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — hoje com onze países — como “antiamericano”.

Suas declarações foram imediatamente rebatidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo país sedia nesta segunda-feira a cúpula do Brics.

“Não queremos imperador”, afirmou Lula. “Se [Trump] achar que ele pode taxar, os países têm o direito de taxar também. Existe a lei da reciprocidade”, advertiu em entrevista coletiva.

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Last Update: 07/07/2025