A escalada tarifária promovida pelo presidente Donald Trump ganhou novos contornos neste sábado (13), quando o republicano anunciou uma tarifa de 30% sobre todos os produtos importados do México e da União Europeia.
A medida entra em vigor em 1º de agosto, caso os países não aceitem renegociar os termos comerciais diretamente com Washington. A decisão foi formalizada em cartas divulgadas na rede social do ex-presidente, em tom autoritário e unilateral.
Em uma das mensagens, Trump acusou o México de não ter feito o suficiente para conter os cartéis do fentanil e afirmou que o país estaria transformando a América do Norte em um “playground do narcotráfico”.
Em outro trecho, exigiu que a União Europeia “abra completamente seu mercado aos produtos dos Estados Unidos”, em troca de uma suspensão da tarifa.
“Apesar do nosso forte relacionamento, a senhora deve se recordar que os Estados Unidos impuseram tarifas ao México para lidar com a crise de fentanil, causada, em parte, pela falha do México em deter os cartéis, que são compostos por algumas das pessoas mais desprezíveis que já pisaram na Terra”, escreveu Trump à presidenta mexicana Claudia Sheinbaum.
México reage e diz que soberania “não é negociável”
O governo do México foi o primeiro a responder, com um duro comunicado conjunto dos Ministérios da Economia e das Relações Exteriores. As autoridades classificaram as tarifas como “tratamento injusto” e prometeram buscar uma alternativa que proteja empresas e empregos dos dois lados da fronteira.
Durante um evento em Sonora, Claudia Sheinbaum afirmou que manterá a cabeça fria, mas não abrirá mão da autonomia nacional.
“Estamos claros sobre o que podemos negociar com os Estados Unidos e sobre o que não podemos. E há algo que nunca é negociável: a soberania do nosso país”, declarou.
A presidenta mexicana também indicou que as conversas seguem abertas, mas alertou que o México exporta mais de 80% de seus produtos para os EUA e, por isso, não aceitará acordos desequilibrados.
União Europeia denuncia chantagem e ameaça retaliar
A presidenta da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que o anúncio foi uma surpresa e acusou os EUA de adotar práticas comerciais injustas.
“Tomaremos todas as medidas necessárias para salvaguardar os interesses da UE, incluindo a adoção de contramedidas proporcionais, se necessário”, declarou.
Em resposta à carta de Trump, von der Leyen lembrou que “poucas economias no mundo se equiparam ao nível de abertura e adesão da União Europeia a práticas comerciais justas”.
A França, a Alemanha, a Itália, a Espanha e a Holanda manifestaram apoio ao posicionamento do bloco. O presidente francês Emmanuel Macron pediu à Comissão que acelere as contramedidas.
A ministra da Economia alemã defendeu uma solução pragmática, mas deixou claro que a UE não aceitará intimidação.
Estudos do Banco Central Europeu indicam que uma tarifa de 20% dos EUA reduziria o crescimento do bloco em 1 ponto percentual até 2027.
Com a ameaça de uma alíquota de 30%, o impacto pode ser ainda mais profundo — especialmente em países com forte dependência das exportações, como a Alemanha e a Itália.
Mais de 20 países notificados, inclusive o Brasil
As novas ameaças de Trump fazem parte de uma enxurrada de cartas enviadas ao longo da semana a pelo menos 23 países, incluindo Japão, Coreia do Sul, Canadá e Brasil.
No caso brasileiro, a tarifa de 50% já havia sido anunciada dias antes e gerou reação firme do presidente Lula, que afirmou que “o Brasil vai adotar as medidas necessárias para proteger seu povo e suas empresas”.
Além da sobretaxa generalizada, Trump também impôs uma tarifa de 50% sobre o cobre, atingindo setores estratégicos de vários países. Ele ainda mantém tarifas setoriais anteriores: 50% sobre aço e alumínio, e 25% sobre veículos.
A retórica agressiva coincide com a aproximação da convenção republicana e visa consolidar sua imagem junto à base protecionista. Trump tenta justificar as medidas como defesa dos interesses americanos, mas já enfrenta críticas internas e reações diplomáticas de aliados históricos.