Em mais um capítulo da guerra tarifária que marca o segundo mandato de Donald Trump, o presidente norte-americano anunciou na última sexta-feira 30 que vai duplicar os tributos sobre importações de aço e alumínio. A medida, que elevará as tarifas de 25% para 50%, entrará em vigor na próxima quarta-feira 4.
O anúncio foi feito durante um comício na planta da metalúrgica U.S. Steel, em Pittsburgh, Pensilvânia — berço histórico da siderurgia norte-americana. Diante de trabalhadores, Trump justificou a decisão como uma forma de proteger a indústria nacional,
“É uma grande honra aumentar as tarifas sobre o aço e o alumínio de 25% para 50%, com efeito a partir de quarta-feira, 4 de junho. Nossas indústrias de aço e alumínio estão voltando como nunca”, declarou o republicano em sua plataforma Truth Social.
Segundo Trump, a decisão inicial era elevar os tributos para 40%, mas executivos do setor solicitaram que o percentual fosse ainda maior. A medida representa “mais uma grande sacudida de ótimas notícias” para os trabalhadores da indústria metalúrgica, segundo Trump.
Brasil entre os mais impactados
O Brasil deve ser um dos os países mais afetados pela nova política tarifária. Dados da Administração de Comércio Internacional dos Estados Unidos mostram que, entre março de 2024 e fevereiro de 2025, o país foi o segundo maior fornecedor de aço para o mercado norte-americano, com 3,7 milhões de toneladas métricas exportadas. O México aparece na terceira posição, com 2,9 milhões de toneladas, enquanto o Canadá lidera o ranking.
Cerca de metade do aço e alumínio consumidos no EUA vem de importações. Esses materiais abastecem setores estratégicos como automotivo, aeroespacial, petroquímico e de bens de consumo básicos, incluindo produtos enlatados.
Contexto judicial
Trump decidiu avançar com as novas tarifas apenas um dia após uma vitória judicial de peso. Um tribunal de apelações suspendeu o bloqueio imposto pela Corte de Comércio Internacional sobre grande parte de sua política tarifária, que havia sido implementada em abril.
Embora a decisão judicial não afetasse diretamente as tarifas sobre aço e alumínio, ela desbloqueou a tarifa global de 10% anunciada em 2 de abril, que atingiu praticamente todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos. A medida também liberou as chamadas “tarifas recíprocas”, um sistema variável baseado nos déficits e volumes comerciais de cada país, que havia sido congelado até julho para permitir negociações de acordos.