O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que qualquer país que se alinhar às “políticas antiamericanas” do grupo BRICS será alvo de uma tarifa adicional de 10%.
A declaração foi publicada por Trump na rede Truth Social poucas horas após a divulgação da nota conjunta da cúpula do BRICS no Brasil, que alertou para os riscos ao comércio global causados por políticas tarifárias unilaterais.
A medida proposta por Trump ocorre em meio ao fortalecimento do BRICS como alternativa aos fóruns tradicionais como G7 e G20, considerados paralisados por divisões e por agendas de confronto, como a política “America First” adotada durante sua presidência.
“Qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do BRICS será cobrado com uma TARIFA ADICIONAL DE 10%. Não há propostas a essa política. Obrigado por sua atenção a este assunto!”, escreveu Trump, sem detalhar o que considera “políticas antiamericanas”.
O BRICS, formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, está em processo de expansão e reuniu seus líderes neste domingo, no Rio de Janeiro. O bloco agora inclui também Egito, Etiópia, Irã, Indonésia e Emirados Árabes Unidos. A Arábia Saudita ainda não formalizou sua adesão, enquanto outras 30 nações manifestaram interesse em integrar o grupo como membros plenos ou parceiros.
Na declaração conjunta da abertura da cúpula, os líderes do BRICS alertaram que o aumento unilateral de tarifas compromete o comércio internacional. Sem citar diretamente os Estados Unidos, o texto representa uma crítica velada às medidas tarifárias adotadas por Washington nos últimos anos.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou em seu discurso de abertura que o grupo representa uma continuidade do Movimento dos Não Alinhados, criado durante a Guerra Fria. “O BRICS é os herdeiros do Movimento dos Não Alinhados”, declarou. “Com o multilateralismo sob ataque, nossa autonomia está novamente em cheque.”
Lula também destacou que os países do BRICS reúnem atualmente mais da metade da população mundial e 40% da produção econômica global. Em encontro com empresários no sábado, ele alertou para o avanço de políticas protecionistas e para a urgência de reformas em instituições multilaterais.
O presidente brasileiro defendeu a atualização da governança internacional para refletir a nova realidade multipolar. “Se a governança internacional não reflete a nova realidade multipolar do século 21, cabe ao BRICS ajudar a atualizá-la”, disse Lula, citando ainda os efeitos das intervenções militares lideradas pelos EUA no Oriente Médio.
A reunião contou com a presença de diversos chefes de Estado. O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, participaram presencialmente. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participou por videoconferência, devido ao mandado de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internacional. O presidente da China, Xi Jinping, foi representado por seu enviado especial.
Apesar da presença de diversos líderes, a diversidade interna do BRICS tem levantado questionamentos sobre a existência de uma agenda comum. O bloco agora reúne países com interesses regionais distintos e disputas geopolíticas próprias.
Ainda assim, a declaração conjunta reforçou posições em temas globais. Os líderes classificaram como “violação do direito internacional” os ataques contra instalações nucleares no Irã. O grupo também expressou “grave preocupação” com os ataques a civis palestinos em Gaza e condenou ações identificadas como “ataques terroristas” na região da Caxemira, administrada pela Índia.
No campo comercial, o BRICS manifestou apoio à entrada da Etiópia e do Irã na Organização Mundial do Comércio e pediu a restauração da capacidade de resolução de disputas comerciais dentro da entidade.
A declaração ainda mencionou a criação de um projeto piloto de garantias multilaterais no âmbito do Novo Banco de Desenvolvimento do grupo, com foco na redução de custos de financiamento para os países membros.
Na área de tecnologia, os líderes discutiram o uso de inteligência artificial e pediram medidas de proteção contra uso indevido de dados, bem como mecanismos de pagamento considerados justos.
O Brasil utilizou a cúpula também como preparação para a Conferência do Clima da ONU, que ocorrerá em novembro no país. O governo destacou o impacto das mudanças climáticas nas economias em desenvolvimento e apresentou propostas voltadas à conservação ambiental.
Segundo fontes com conhecimento das reuniões, China e Emirados Árabes Unidos sinalizaram interesse em investir no Fundo Florestas Tropicais para Sempre, projeto brasileiro voltado à preservação de biomas ameaçados no planeta.
Enquanto isso, a administração Trump intensifica negociações comerciais com diversos países, com prazo até 9 de julho para anunciar novas tarifas retaliatórias. O ministro sênior da economia da Indonésia, Airlangga Hartarto, que participou da cúpula no Brasil, deve viajar aos Estados Unidos nesta segunda-feira para continuar as discussões.
O Ministério das Relações Exteriores da Índia não comentou a declaração de Trump até o momento.
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