Luís Carlos, do PT, fez artigo publicado no portal da Fundação Perseu Abramo defendendo A democracia como valor fundamental. Seu gancho foram as eleições no Reino Unido e da França.
Segundo ele, sobre o Reino Unido, “a vitória do Partido Trabalhista na Inglaterra, depois de 14 anos ininterruptos de governos conservadores e reacionários, a despeito de insuficiências como a pouca solidariedade com a causa Palestina e a visão subordinada quanto à Otan, traz um alívio ao progressismo”. Já em relação à França, ele afirma sobre a eleição que “nasceu aí o Pacto Republicano: uma aliança entre a Frente de esquerda e os macronistas. O Pacto veio com a renúncia de várias candidaturas de parte a parte para evitar a vitória dos extremistas da Frente Nacional”.
Para ele, esses resultados “fortalecem a democracia” porque foram derrotas da extrema direita. Mas será mesmo assim? A resposta, ele mesmo dá. Ao dizer que o Partido Trabalhista tem “pouca solidariedade com a causa Palestina” e é subserviente à OTAN. A mesma coisa se pode dizer da Frente Popular francesa.
O que Luís Carlos não percebe é que justamente essa política que fortalece a extrema direita. Quanto mais a esquerda se mistura à direita neoliberal, quanto mais a esquerda se confunde com o regime político podre, mais ela perde. Tanto é que Luís Carlos ignora que o Reagrupamento Nacional (RN), de Le Pen, o partido de extrema direita na França, só cresce eleitoralmente, mesmo com todas as manobras.
A dificuldade de Luís Carlos de perceber isso talvez venha justamente porque ele crê que a democracia tem “valor fundamental”. Assim, vale tudo para conseguir a tal democracia. O problema é que ela, e Luís Carlos deveria saber disso, depende de seu conteúdo de classe. Ela não é universal.
Justamente por isso, Luís Carlos não leva em conta que se aliar aos que defendem o genocídio na Palestina, aos que são defensores das atrocidades da OTAN, aos neoliberais, vampiros do mundo, não pode nunca beneficiar a tal democracia. É preciso fazer muita manobra para achar que esses monstros do imperialismo representam algum tipo de democracia.
É por isso que não há nenhum avanço com as eleições da França e Reino Unido. O que há é que a esquerda está sendo usada para fortalecer a maior máquina antidemocrática da história da humanidade, a sobrevivência do regime imperialista.