Entre os momentos mais criativos da música instrumental brasileira, certamente, estão os anos 1950 e 1960, quando a bossa-nova surgiu, influenciada pelo jazz. Nesse período, novas harmonias, melodias, timbres e concepções rítmicas foram incorporadas às formas musicais tradicionais do Brasil. O desenvolvimento da bateria brasileira, liderado por Edson Machado, Milton Banana, Robertinho Silva e Rubens Barsotti, é um exemplo disso. Além disso, a exploração das linhas de contrabaixo acústico por Luiz Alves e Luiz Chaves, e os solos e bases de piano, concebidos por Tenório Jr., João Donato, Johnny Alf e Amilton Godoy, também foram importantes contribuições para a música brasileira.
A bateria, antes de Edson Machado e outros bateristas da bossa-nova, não tinha a distribuição de bumbo, aro de caixa e pratos que posteriormente se tornou comum. Além disso, o baterista não desenvolvia a melodia em contraponto com os demais instrumentos, apenas acompanhava o ritmo. O contrabaixo também participava apenas da base harmônica, sem qualquer papel contrapontístico ou independência melódica. No entanto, o Zimbo Trio, formado por Amilton Godoy, Luiz Chaves e Rubens Barsotti, foi um dos grupos que mais contribuiu para a inovação da música instrumental brasileira.
Em geral, na música popular, há instrumentos de solo, como os instrumentos de sopro, que são encarregados da melodia, e instrumentos próprios para fazer a base harmônica, como o violão e os teclados. Além disso, há instrumentos que conduzem o ritmo, como a bateria e a percussão. No entanto, essas funções podem ser modificadas, e, em geral, elas são mantidas na maioria dos gêneros musicais.
A bateria, no entanto, foi um dos instrumentos que mais evoluiu durante a bossa-nova. Rubens Barsotti, um dos bateristas do Zimbo Trio, foi um dos principais responsáveis por essa evolução. Ele desenvolveu a concepção da bateria, mudando a distribuição de bumbo, aro de caixa e pratos, e criando um estilo mais complexo e rítmico.
Outro exemplo de inovação foi a exploração das linhas melódicas do contrabaixo, feita por Luiz Chaves. Ele desenvolveu um estilo de tocar contrabaixo que era mais complexo e independente, criando linhas melódicas que complementavam a música.
A música instrumental brasileira também foi influenciada pelo jazz. O bebop e o cool, dois estilos do jazz, influenciaram a música brasileira, levando a uma complexificação das harmonias e das melodias. Isso permitiu que os músicos brasileiros criassem uma música mais rica e complexa.
Para finalizar, gostaria de sugerir duas audições: a interpretação do Trio da canção “Fé cega faca amolada”, de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, acompanhados do violeiro e guitarrista Heraldo do Monte e do saxofonista e flautista Hector Costita, de 1976, e a interpretação da música instrumental “Bebê”, de Hermeto Pascoal, de 1978.
A primeira gravação dura aproximadamente 7 minutos e apresenta uma interpretação do ritmo nordestino. A segunda gravação é uma interpretação exclusiva do Zimbo Trio e apresenta a concepção da bateria com mudanças de levada em cada parte da composição, as linhas melódicas do contrabaixo em contraponto com o piano e a bateria, e a genialidade do pianista em complexificar técnica erudita e suingue.
(1) Fé cega faca amolada:
(2) Bebê: