O Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela convocou os candidatos presidenciais para participarem, nesta sexta-feira (2), de uma auditoria das eleições realizadas no último dia 28. Ao todo, 10 políticos estarão presentes no encontro, incluindo o presidente Nicolás Maduro, e Edmundo González, o principal candidato da oposição.
A verificação do resultado do pleito foi solicitada por Maduro, depois que González e sua cabo eleitoral, Corina Machado, acusaram, sem provas, que as eleições transcorreram sobre fraude.
Na contagem do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o atual presidente aparece 52,21% dos votos, ante 44,2% de González.
A auditoria do resultado da eleição pela Suprema Corte acontece a pedido de Maduro. Segundo o presidente, a maior instância da Justiça venezuelana é o único órgão do país que tem o poder de auditar o resultado das eleições para apurar os resultados obtidos pelo CNE.
Com a decisão da Suprema Corte, Edmundo González, o candidato escolhido pela coalizão de oposição para desafiar Maduro nas urnas, também deve comparecer.
Segundo comunicado da Suprema Corte, todos os candidatos devem apresentar suas contagens de votos ao tribunal. Maduro diz que seu partido tem todas as atas eleitorais, que estão no centro da polêmica. A oposição está fazendo uma contagem paralela das atas e afirma que González foi o vencedor do pleito com 67% dos votos – contra 30% do presidente.
Em discurso nesta quinta (1º), Maduro confirmou presença na Suprema Corte nesta sexta (2) e voltou a afirmar que seu partido vai apresentar as atas eleitorais. “Eles (oposição) que peçam as atas. Temos todas as atas. (…) Me submeti à Justiça e peço que a Justiça ache a verdade para que a paz seja estabelecida no país”, disse o presidente.
Maduro também voltou a acusar Edmundo González e María Corina Machado de estar por trás dos protestos que tomaram o país contra os resultados das eleições.
Brasil, Colômbia e México pedem solução via institucional
Os governos do Brasil, Colômbia e México divulgaram uma nota conjunta nesta quinta-feira (1º) pedindo que o impasse em torno das eleições da Venezuela seja resolvido pela via institucional. O comunicado reforçou ainda a posição dos três países de que sejam divulgados os dados das eleições do último domingo (28) por mesa de votação.
“As controvérsias sobre o processo eleitoral devem ser dirimidas pela via institucional. O princípio fundamental da soberania popular deve ser respeitado mediante a verificação imparcial dos resultados”, diz o texto.
O documento foi publicado após uma conversa por telefone, nesta tarde, entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; da Colômbia, Gustavo Petro, e do México, Andrés Manuel López Obrador.
Os governos dos países latino-americanos afirmaram ainda que seguem acompanhando com “muita atenção” o processo de escrutínio dos votos. “Fazemos um chamado às autoridades eleitorais da Venezuela para que avancem de forma expedita e divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação”, afirmaram.
México, Brasil e Colômbia pediram que todos os atores políticos e sociais tenham cautela e contenham suas manifestações e eventos públicos para evitar mais violência. “Manter a paz social e proteger vidas humanas devem ser as preocupações prioritárias neste momento”, afirmaram.
Os chefes de Estado completam o comunicado dizendo que têm “absoluto respeito pela soberania da vontade do povo da Venezuela” e que estão dispostos a apoiarem “os esforços de diálogo e busca de acordos que beneficiem o povo venezuelano”.