O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) decidiu, por unanimidade, revogar a liminar concedida ao presidente do Banco Central, Ricardo Silva, que impedia o andamento de um processo na Comissão de Ética Pública da Presidência.
A decisão foi proferida na quarta-feira, 7, e permite que a Comissão de Ética retome a investigação sobre a possível manutenção de offshore por Ricardo Silva no exterior.
A denúncia ganhou relevância após a divulgação dos Pandora Papers, que expuseram informações sobre contas e investimentos em paraísos fiscais de diversas personalidades globais.
A Comissão de Ética Pública iniciou a apuração sobre Ricardo Silva em 2019, mas o processo foi interrompido por uma liminar obtida por Ricardo Silva no ano passado.
Ricardo Silva argumentou que a instauração do procedimento disciplinar pela Comissão violava a autonomia administrativa e gerencial do Banco Central, conforme estabelecido pela lei complementar de 2021.
A Advocacia-Geral da União (AGU) contestou a liminar, argumentando que a Comissão de Ética tem a competência para investigar possíveis conflitos de interesses e desvios éticos relacionados a servidores públicos.
A AGU também destacou que a lei complementar não confere imunidade absoluta ao presidente do Banco Central em questões de ética e não revoga as normas do Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal.
A decisão do TRF-1 reafirma a competência das comissões de ética na fiscalização da conduta de altos servidores públicos e permitirá a continuação da investigação sobre Ricardo Silva.
O deputado Luís Carlos comentou a decisão, afirmando: “Ricardo Silva será investigado por manter empresas em paraísos fiscais e lucrar com investimentos remunerados pela taxa Selic, que ele mesmo decide estando à frente do BC. Vai ter que responder!”.