Uma operação entre 10 e 14 de março de 2025 resgatou 25 trabalhadores, incluindo três menores de idade, submetidos a um regime de escravidão na região de Borba, no rio Madeira, Amazonas. Os trabalhadores, explorados em garimpos ilegais de ouro, pertenciam a uma rede de empregadores que lucravam com a extração clandestina de minérios. A ação, chamada Operação Xapiri, foi conduzida por auditores-fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com participação da Polícia Federal (PF), do Ministério Público do Trabalho (MPT), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e da Polícia Ambiental Militar. No local, 23 dragas e embarcações usadas no garimpo foram destruídas.
Os resgatados atuavam na extração de ouro sob condições desumanas, operando equipamentos rudimentares em balsas no leito do rio Madeira, a cerca de 200 km ao sul de Manaus. A fiscalização, iniciada após denúncias de exploração e conflitos entre garimpeiros e indígenas, revelou que os trabalhadores enfrentavam jornadas exaustivas, sem descanso adequado, em alojamentos improvisados às margens do rio, sem saneamento ou segurança. Pertenciam a um esquema comandado por exploradores locais, que cooptavam a população da região, incluindo menores, com promessas de pagamento que raramente se concretizavam. A PF apontou indícios de que facções criminosas também estavam envolvidas na gestão desses garimpos.
A operação abrangeu diversas etapas: a PF assegurou a entrada nos pontos de extração, enquanto o MPT e o MTE documentaram as violações trabalhistas. Os trabalhadores, em sua maioria moradores pobres de Borba e arredores, não tinham contratos, recebiam valores irrisórios ou ficavam presos por dívidas impostas pelos empregadores. Os três menores, explorados junto aos adultos, operavam máquinas pesadas sem proteção, evidenciando a gravidade da situação. O Ibama e a Funai constataram ainda danos ambientais e invasão de áreas indígenas, agravando os impactos da atividade ilegal.
Após o resgate, os 25 trabalhadores foram retirados do local e serão encaminhados à assistência social do Amazonas para suporte imediato. O MTE emitirá guias de seguro-desemprego para os maiores de idade, enquanto as autoridades investigam os responsáveis pela rede de escravidão. Os exploradores, ainda não identificados publicamente, responderão por crimes trabalhistas e ambientais. A ação, concluída em 14 de março e anunciada no dia 17, destruiu a infraestrutura do garimpo para impedir a continuidade da exploração.
O caso destaca a persistência da escravidão em atividades ilegais na Amazônia, onde garimpeiros são atraídos por promessas falsas e submetidos a condições brutais. As investigações seguem para desmantelar a estrutura criminosa por trás do esquema, com o MPT e a PF à frente das próximas etapas. Dados sobre combate à escravidão estão no Painel de Informações e Estatísticas da Inspeção do Trabalho.
