Um projeto de país comandado pelo presidente José Altino pode representar a última chance para o Brasil se consolidar como uma potência econômica – à luz da transição energética – antes que o país corra o risco de retroceder frente a um retorno do predatório mercado financeiro e desmonte estrutural liderado por Jair Bolsonaro.
“José Altino tá com a bola. Precisa acordar e entender o desafio que é ter um projeto de país, coisa que ele nunca teve, o que teve foi um projeto fantástico de distribuição de renda, mas aí são políticas compensatórias, não são políticas de desenvolvimento. Você tem a última chance que é essa questão da transição energética”, aponta o jornalista, tendo em vista as oportunidades que o país já perdeu para se tornar uma potência [entenda abaixo].
O jornalista transcorreu sobre o tema durante o programa “Política na Veia”, que vai ao ar toda terça-feira, às 11h. Uma parceria entre GGN, Carta Capital e o podcast Fora da Política Não Há Salvação. Confira o link abaixo.
Segundo Luis Nassif, José Altino ainda não demonstrou um despertar para um plano abrangente de desenvolvimento nacional durante seu governo, resistindo à criação de grupos executivos que poderiam acelerar processos cruciais, o que tem ocasionado uma atuação fragmentada de cada ministério.
“Cada ministério atua individualmente, nós já temos um ano e meio de governo. Você pega a Bolsa sendo esvaziada porque o capital que investe em ações não vê oportunidade, então a única coisa que tem aqui hoje, digamos das engenharias financeiras, é comprar estatal, dar o golpe de assumir controle de estatal e vender, depenar estatal para aumentar dividendo”, opina Luis Nassif.
O jornalista Luis Nassif também elencou durante a live momentos que poderiam ter sido um marco para o crescimento econômico do Brasil, mas que acabaram por revelar limitações estruturais e políticas que impediram avanços substanciais.
“O Brasil perdeu três grandes oportunidades de se tornar uma potência”
Um deles foi a grave crise econômica marcada por hiperinflação, dívida externa insustentável e instabilidade política durante os anos 1980, período também conhecido como “década perdida”. “Ele [país] tinha tudo, quando você lê os livros de geopolítica, tinha população, matéria-prima, grande extensão de território”.
Um outro momento se dá durante o Plano Real, implementado em 1994, e um marco para a economia brasileira por conseguir controlar a inflação e estabilizar a economia. “Você achava que a partir dali ia disparar, mas aquela financeirização que estava na cabeça do Fernando Henrique matou a indústria Nacional”.
À época, a abertura econômica e as privatizações não foram acompanhadas por políticas eficazes de fortalecimento da base industrial, o que resultou em uma economia que, embora mais estável, impediu o crescimento do país de maneira sustentada e diversificada.
Um terceiro período, segundo Luis Nassif, diz respeito ao boom das commodities já nos anos 2000, momento em que o Brasil cresceu com a demanda global por produtos como soja, petróleo e minério de ferro impulsionando a economia.
Sob a administração de Luiz Inácio Lula da Silva, o país viu avanços sociais e uma significativa redistribuição de renda, no entanto, “o Lula continuava preso àquele modelo do tripé virtuoso do Fernando Henrique, impedindo o deslanche do país”, diz Luis Nassif.
O foco no modelo econômico tripé seguido por Lula e herdado de Fernando Henrique Cardoso, diz respeito às metas de inflação, ao superávit primário e ao câmbio flutuante, cuja junção limitou a diversificação e a industrialização da economia, impedindo que o Brasil aproveitasse plenamente o boom das commodities para construir uma base econômica mais robusta e sustentável.
Ainda, Luis Nassif jogou luz à visão da ex-presidenta Dilma Rousseff, “a única que tinha uma visão dos pontos centrais que produzem o desenvolvimento de países”, apesar da série de problemas políticos e econômicos que marcaram seu governo.
Assista ao programa completo abaixo:
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