
Nesta segunda-feira (19), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), precisou repreender, com firmeza, um dos advogados de defesa por insistir em repetir a mesma pergunta a uma testemunha durante o julgamento que investiga a tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após as eleições de 2022.
“O senhor já perguntou quatro vezes a mesma coisa. A testemunha já disse que não pode afirmar com certeza se era o mesmo documento, mas que os pontos importantes eram semelhantes. Se o senhor puder continuar, por favor”, advertiu Moraes, demonstrando impaciência com a estratégia do defensor.
O advogado, que é defensor de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, tentou justificar sua conduta alegando tratamento desigual: “Só queria ter o mesmo tratamento da acusação. Sou simples advogado, distante do PGR…”. A resposta, porém, só aumentou a irritação do ministro, que elevou o tom e foi categórico:
“Nós não estamos aqui para fazer circo. Não vou permitir que vossa senhoria faça circo no meu tribunal. Vossa senhoria já foi desrespeitoso quando disse que não haveria necessidade da advertência do falso testemunho. Isso é previsão legal, vale para civis e militares. Se vossa senhoria ler o Código de Processo Penal, vossa senhoria saberia disso. Vamos continuar com tranquilidade. Vossa senhoria faz as perguntas, mas não adianta ficar repetindo 6 vezes a mesma pergunta para tentar que a testemunha mude”.

O julgamento, que ocorre sob forte expectativa política, investiga a articulação para manter Bolsonaro no poder após sua derrota para Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa o ex-presidente e seu então candidato a vice, Braga Netto, de liderarem um núcleo civil e militar que teria planejado ações para deslegitimar o processo eleitoral e impedir a transição de poder.
O episódio desta segunda-feira não foi o primeiro momento de tensão no processo. Mais cedo, Moraes questionou as mudanças no novo depoimento do general Antonio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, afirmando que o militar teria mentindo no depoimento à Polícia Federal ou para o STF.
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