Na madrugada do dia 10 de julho, Fatima al-Ghalayini, de 69 anos, ligou para um sobrinho informando que soldados israelenses invadiram sua casa em Gaza e mataram suas duas irmãs, Aisha e Jamila. Com dificuldades de locomoção, Fatima pediu ajuda.
A notícia chegou ao Brasil, onde parte de sua família reside, incluindo Hazem Ashmawi, professor da Unicamp. Sem conseguir contato imediato com Fatima, os parentes usaram redes sociais para buscar apoio. Dois dias depois, confirmaram que Fatima também havia falecido, e sua casa, destruída. A Unicamp emitiu uma nota de solidariedade a Ashmawi, condenando a violência contra as três mulheres.
A mídia palestina e a rede Al Jazeera reportaram o caso, com imagens da casa devastada no bairro de al-Rimal, em Gaza. Segundo relatos da família, Aisha, de 65 anos, foi a primeira a ser morta ao abrir a porta. Jamila, de 79 anos, foi atingida ao tentar entender o que estava acontecendo. Fatima, com mobilidade reduzida, foi baleada no braço, mas poupada pelos soldados, que a consideraram “sem ameaça”.
Ela conseguiu ligar para um sobrinho, mas não recebeu ajuda devido ao contínuo tiroteio. “Só que ninguém conseguia se aproximar da casa para ajudar porque os israelenses continuavam atirando”, disse o professor Ashmawi à Folha de S.Paulo.
A reitoria da Unicamp publicou uma nota de solidariedade a seu profissional atribuindo o ato à “extrema violência” do exército israelense contra as três idosas.
Imagens do local, divulgadas dias depois, mostraram a casa em chamas, confirmando a destruição. Não se sabe ao certo se Fatima morreu pelos tiros ou pelo incêndio. O enterro das três irmãs foi realizado no jardim da casa em meio ao conflito, com cenas transmitidas pela TV árabe.
Ashmawi destacou que a morte das três idosas simboliza a brutalidade vivida em Gaza. Ele questionou a justificativa de “dano colateral”, uma vez que não havia ninguém além das três mulheres na casa. A reportagem da Folha não conseguiu verificar todos os detalhes devido às dificuldades de comunicação em Gaza. O Exército israelense, ao ser procurado, afirmou estar agindo para desmantelar o Hamas e minimizar danos a civis, mas não comentou o caso específico das irmãs Ghalayini.