O ano começou de forma sanguinária para as populações que lutam pela terra. No dia 14 de janeiro, no sul do Amazonas, Francisco do Nascimento de Melo, conhecido como “Cafu”, foi assassinado por um fazendeiro. Ele era morador da comunidade Recreio do Santo Antônio, na região de Amacro, zona rural do município de Boca do Acre.
Como é comum nas regiões de conflito rural, qualquer motivo é usado pelos latifundiários para massacrar o povo sem-terra. Os latifundiários e fazendeiros têm controle sobre a atuação do Estado nessas regiões, principalmente da Polícia Militar, o que garante impunidade em relação a seus ataques à população do campo.
Testemunhas relataram que houve uma discussão entre o fazendeiro e o filho do trabalhador rural. O fazendeiro disparou contra Francisco, que tentava proteger seu filho das agressões do latifundiário. Segundo a população local, o assassino tem histórico de violência contra os sem-terra.
É uma prática recorrente dos fazendeiros e latifundiários, ao adquirir terras no interior, iniciarem seu ataque por meio de intimidações, com interesse direto na propriedade da vítima. Quando essas propostas são recusadas, o fazendeiro geralmente parte para a violência contra os trabalhadores rurais. No caso de Francisco, não foi diferente.
A comunidade buscou justiça por intermédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que, até o fechamento desta edição, nada fez para resolver a situação de insegurança na região ou para garantir justiça a Francisco.