O terceiro Dia Internacional de Luta da Classe Operária sob o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva marcou de maneira inequívoca a queda vertiginosa na qual se contra o seu governo. Após o fiasco dos anos anteriores, Lula desistiu de ir aos atos de 1º de Maio, ao mesmo tempo em que a Central Única dos Trabalhadores (CUT), controlada por seu partido, o Partido dos Trabalhadores (PT), não convocou verdadeiros atos na data.
É uma capitulação vergonhosa. Uma capitulação que indica que Lula e seu partido desistiram de qualquer perspectiva de enfrentamento. Sem o apoio das ruas, o governo só pode se sustentar com o apoio da burguesia. Esta, por sua vez, já demonstrou que não tem o menor interesse em manter no governo alguém que não seja um capacho do grande capital, como o fascista argentino Javier Milei.
O afastamento das ruas é complementado com uma política cada vez mais direitista e cada vez mais impopular. Em seu discurso no dia 30 de abril, Lula anunciou como sua principal medida para beneficiar o aumento da faixa de isenção de imposto de renda para aqueles que recebem até R$5 mil. Ainda que a medida seja positiva, cabe um aviso: a medida dependerá de votações no Congresso. Votações estas que tendem a ser cada vez mais custosas na medida em que o governo vai ficando cada vez mais fraco.
Lula também declarou que vê com simpatia o fim do regime de trabalho 6×1. O problema desta declaração é que ela, por si só, não é necessariamente positiva para os trabalhadores. Afinal, há hoje um movimento patronal contra a escala 6×1. Além disso, a perspectiva de qualquer mudança também passaria para o Congresso.
Lula hoje fala como se o seu papel fosse apenas o de se mostrar um amigo do povo, alguém com boas intenções, e não como um presidente que tem uma caneta na mão. Não há dúvidas de que sua ação é limitada por uma série de problemas, mas o fato é que também limitar-se a esperar a boa vontade do Congresso é o mesmo que se anular como presidente da República. O papel de alguém de esquerda que ocupe este cargo é o de tomar medidas de impacto, que provoquem mudanças reais na vida dos trabalhadores, e convocar o povo para defender essas medidas na rua.
Não se vê nada disso. O governo não critica as pilantragens do Banco Central, não demite sua equipe econômica de burocratas alheios às necessidades do povo, não faz uma campanha em defesa da exploração da Margem Equatorial. Diante disso, seu apoio popular só faz cair.
Sem apoio popular, a direita aumenta o cerco contra o governo. O novo escândalo no INSS indica que uma nova Operação Lava Jato pode estar em curso para liquidar o já abalado governo. Lula, em seu discurso, em vez de denunciar os criminosos que se prepararam para derrubá-lo, endossou as investigações, elogiando o “combate à corrupção”.
A postura do governo indica que, perdido em meio à sua crise, este não vê saída a não ser se render aos banqueiros e empresários responsáveis pelo sofrimento do povo. É, portanto, não apenas um suicídio político, como também virar as costas aos trabalhadores.