O ex-ministro da Justiça Anderson Torres solicitou ao Supremo Tribunal Federal, nesta segunda-feira 16, uma acareação com o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes na ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022. A decisão será do ministro Alexandre de Moraes.
Torres é réu por cinco crimes, enquanto Freire Gomes não responde à ação penal. Em seu depoimento, o general mencionou a participação do ex-ministro em reuniões de teor antidemocrático.
“Eu me lembro que apenas uma vez, ou duas no máximo, a presença do ministro Anderson Torres foi no sentido de explicar juridicamente algum ponto ali”, disse Freire Gomes. O militar ainda afirmou que Torres falava da possibilidade de utilizar instrumentos como Garantia da Lei e da Ordem, estado de defesa e estado de sítio.
A defesa do ex-ministro, porém, sustenta que os relatórios de entrada e saída do Palácio da Alvorada demonstram que Freire Gomes e Torres jamais estiveram juntos. Além disso, dizem os advogados, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou em seu interrogatório que Torres não esteve presente em reuniões sobre “medidas antidemocráticas”.
“Especificamente no que tange a Anderson Torres, o depoimento de Freire Gomes está recheado de contradições” alega a defesa.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, Torres replicou alegações sobre uma suposta fraude nas urnas divulgadas em uma live de julho de 2021, “distorcendo informações e sugestões recebidas da Polícia Federal”.
Também agiu, de acordo com a PGR, para executar um plano voltado a impedir que eleitores de Lula no Nordeste chegassem às urnas em 2022, elaborou documentos que seriam utilizados no golpe de Estado e, já como secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, no início de 2023, omitiu-se diante da preparação dos ataques golpistas de 8 de Janeiro.
A Polícia Federal encontrou na casa de Torres a chamada minuta do golpe, a prever um decreto de estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral.