
A Polícia Federal afirmou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o uso de tornozeleira eletrônica pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não seria suficiente para evitar uma tentativa de fuga. Em manifestação enviada nesta terça-feira (26/8), a corporação alegou que o equipamento depende de sinal de telefonia, sujeito a falhas técnicas ou a interferências deliberadas.
De acordo com os investigadores, mesmo com equipes de prontidão nas imediações da casa, o dispositivo daria tempo para que Bolsonaro escapasse caso decidisse descumprir as medidas cautelares. Por isso, a PF recomendou a adoção de medidas mais rígidas, incluindo vigilância interna e acompanhamento de veículos e pessoas próximas à residência do ex-presidente, em Brasília.
A manifestação foi enviada após solicitação da Procuradoria-Geral da República (PGR), motivada por pedido do deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ). O parlamentar apontou risco concreto de fuga, inclusive a hipótese de refúgio na Embaixada dos Estados Unidos, localizada a poucos minutos da residência de Bolsonaro.

O reforço de segurança também foi influenciado pela descoberta de um rascunho de pedido de asilo político à Argentina, encontrado pela PF no celular do ex-presidente. O documento, datado de fevereiro de 2024, era endereçado ao presidente argentino Javier Milei e mencionava perseguição política.
A defesa de Bolsonaro minimizou o conteúdo, argumentando que o rascunho foi redigido antes da abertura do processo criminal e não pode ser considerado prova de intenção de fuga. Os advogados destacaram que o ex-presidente compareceu a todos os atos judiciais desde então.
Com a decisão de Moraes, a residência de Bolsonaro seguirá sob monitoramento reforçado, com policiamento permanente e inspeção constante dos sistemas de controle. A medida ocorre às vésperas do julgamento da Ação Penal 2.668, que apura tentativa de golpe de Estado e pode agravar a situação jurídica do ex-mandatário.