Torcida do Coritiba protesta contra SAF

Um grupo de cerca de 150 torcedores do Coritiba foi às ruas da Avenida Faria Lima, em São Paulo, nesta terça-feira (25), para protestar contra a gestão da Treecorp, empresa que detém 90% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube. Com faixas, gritos e sinalizadores, os manifestantes bloquearam parte da via, um dos maiores centros financeiros do país, para chamar atenção para a crise que assola o time paranaense.
Os alvos principais da revolta foram Bruno D’Ancona, sócio da Treecorp, André Campestrini, diretor financeiro do clube, e Roberto Justus, conselheiro e sócio minoritário da empresa. Os torcedores cobram explicações sobre o desempenho pífio do Coritiba, marcado por eliminações precoces na Copa do Brasil de 2024 e 2025 e pela pior campanha da história do clube na Série B do ano passado, quando terminou em 12º lugar. D’Ancona, porém, não estava presente: ele viajou ao Equador no domingo com William Thomas, chefe esportivo do Coxa, para visitar o Independiente del Valle, conhecido por seu trabalho nas categorias de base.
A manifestação não é novidade. No dia 16 de março, durante um amistoso contra o Santos no Couto Pereira, um drone sobrevoou o estádio com uma faixa que estampava o rosto de D’Ancona como “procurado”. Outras mensagens, como “SAF de Mendigo” e “Fora Treecorp”, já haviam aparecido em faixas no estádio e em protestos na sede da Ademicon, patrocinadora do clube ligada ao mesmo grupo. A torcida acusa a gestão de omissão e exige mudanças para tirar o time da lama. O Coritiba, até agora, optou pelo silêncio e não comentou os atos desta terça-feira.
A Treecorp, uma gestora de private equity com sede em São Paulo, comprou 90% da SAF do Coxa em agosto de 2023, prometendo investir R$1,1 bilhão em dez anos. Liderada por Filipe Lomonaco, Bruno D’Ancona e Danilo Soares, e com Justus no conselho, a empresa atua em setores como varejo, saúde e tecnologia, mas sua estreia no futebol tem sido um fiasco. O rebaixamento no Brasileirão de 2023, a eliminação nas quartas do Paranaense de 2025 pelo Maringá e a derrota na primeira fase da Copa do Brasil deste ano para o Ceilândia expõem a crise. Dos 14 reforços contratados em 2025, apenas dois custaram dinheiro ao clube, enquanto os demais vieram livres ou por empréstimo.
A insatisfação vai além dos resultados em campo. Segundo relatos nas redes sociais, a Treecorp apagou nomes de diretores e empresas de seu sítio após protestos recentes, sinalizando tentativa de se esquivar da pressão. Enquanto isso, a torcida segue mobilizada. Em 17 de março, faixas no Couto Pereira chamaram a gestão de “amadora” e pediram a saída de Justus. O movimento chegou até a Faria Lima, onde frases como “Treegolpe” e “Vergonha” ecoaram, mostrando que os torcedores não vão recuar tão cedo.
A crise do Coritiba é um retrato do que acontece quando interesses financeiros de piratas se sobrepõem à paixão do futebol. O golpe da SAF prometeu trazer profissionalismo, mas entregou vexames e afastou o clube de sua torcida.

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