O primeiro volume de Festa na Roça foi indicado ao Grammy Latino de 2014 na categoria Melhor Álbum de Raízes Brasileiras. Dez anos depois, o acordeonista, compositor e arranjador Toninho Ferragutti e o violonista, compositor e regente Neymar Dias se encontraram novamente para lançar o instrumental Festa na Roça II, já disponível nas plataformas digitais.
“A gente tinha na cabeça fazer uma grande produção, com arranjos de cordas e percussão. Mas, quando fomos realizar a pré-produção no estúdio, começamos a tocar em dupla e gostamos tanto que resolvemos fazer assim, em duo”, conta Ferragutti a CartaCapital.
O músico considera o primeiro trabalho mais nostálgico. “O disco agora é mais alegre, que trabalha com desenhos rítmicos. Trabalhamos mais a rítmica do que a melancolia que tem no primeiro disco.”
O Festa na Roça de 2014 tem apenas uma composição de Ferragutti e resgata o cancioneiro autêntico caipira. No Festa na Roça II, além de obras clássicas, como Cuitelinho (Paulo Vanzolini e Antonio Carlos Xandó) e Comitiva Esperança (Almir Sater e Paulo Simões), há duas músicas assinadas por Ferragutti e Neymar Dias, duas somente do acordeonista e uma só de Neymar, que toca viola caipira nos dois volumes.
“A gente ensaia aqui na minha casa, que é sempre visitada por sabiás, maritacas. Em homenagem a essa honrosa visita, fizemos Sabiazão“, explica. “O Neymar é um grande músico. A gente tem interesse em se aproximar desse gênero. Também venho de duo com violonistas. A gente tem uma formação que acaba convergindo para esse encontro.”
Para o acordeonista, a viola tem evoluído na música, com novos métodos e violeiros. “E a sanfona também entra em várias formações musicais, desde orquestra, grupo de jazz e também novos métodos.”
“É uma pena que a música caipira se perca no meio da música sertaneja, que é muito abrangente – tem a cantada, tem o sucesso, a que está na grande mídia. Está tudo certo, mas tem um trabalho sendo feito com o acordeon, com a técnica da viola. E esse trabalho acaba tendo menos espaço. A música cantada é muito forte dentro da cultura do interior. Mas a gente, às vezes, faz essa música instrumental, que é tão bonita e rica.”
Toninho Ferragutti, há algum tempo, se dedica à carreira solo. Em setembro, ele entrará no estúdio para gravar com diversos convidados o que chama de “quarentemas”, músicas bem curtas e próprias, compostas durante a pandemia.
Ele tem mais de 35 anos de carreira, com 15 álbuns solos ou em parceria. É um acordeonista requisitado e já tocou com quase todo o primeiro time da música brasileira, além de ter participado como solista em várias orquestras sinfônicas.
Assista à entrevista de Toninho Ferragutti a CartaCapital: