All Eyes Are on Rio

Da Executive Intelligence Review

Por Dennis Small

Há uma série de fatores estratégicos que levaram à decisão revolucionária do presidente Trump de bombardear as instalações nucleares do Irã em 22 de junho — uma ação que os britânicos e seus aliados americanos, do partido de guerra, induziram Trump a tomar, e que violou todo o direito internacional e também a Constituição dos EUA, abrindo uma caixa de Pandora de ilegalidade global.

Um fator-chave foi a necessidade de enviar uma mensagem clara, de estilo mafioso, às nações do Sul Global, na véspera da cúpula dos países BRICS, de 6 a 7 de julho, que agora começa no Rio de Janeiro, Brasil. O Irã é membro do BRICS e, como a maioria dos países do setor em desenvolvimento, tem defendido veementemente seu direito não apenas à tecnologia nuclear para fins pacíficos, mas também a todos os avanços tecnológicos necessários para o desenvolvimento soberano de seu povo. Essas nações exigem o fim de 500 anos de políticas coloniais — sem ainda vislumbrar claramente como deverá ser o futuro sistema. O que os banqueiros entendem é que isso significaria o fim do sistema, e eles pretendem impedir isso a todo custo, incluindo uma guerra nuclear.

Um porta-voz da Chatham House do Reino Unido (também conhecida como Instituto Real de Relações Internacionais), em 2 de julho, expôs sem rodeios a política do establishment financeiro em relação aos BRICS: “A agenda BRICS do Brasil pode ser difícil de implementar após a guerra Irã-Israel… Ocorrendo logo após o bombardeio israelense e americano ao Irã, a cúpula representará o primeiro teste real da coalizão.” Em outras palavras, se você ousar exigir desenvolvimento, receberá o tratamento iraniano.

Mas não será tão fácil intimidar e silenciar os 54% da raça humana — 4,45 bilhões de pessoas — que estão representados nas 20 nações que agora compõem os BRICS. O presidente brasileiro Lula, anfitrião da cúpula, proferiu um discurso em 4 de julho na reunião anual do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS, também realizada no Rio, na qual reafirmou sua constante reivindicação de que o sistema que produziu pobreza, guerras e endividamento maciço seja substituído por “uma arquitetura financeira reformada”. Os BRICS devem “mostrar ao mundo que é possível criar um novo modelo de financiamento, sem condicionalidades”, para canalizar crédito para projetos de desenvolvimento produtivo, em vez de especulação.

A abordagem de Lula assemelha-se à do presidente russo Putin, que, ao final da cúpula do BRICS de 2024, em Kazan, fez um apelo pela criação de “Novas Plataformas de Investimento” para contornar a falência do sistema denominado em dólar, com seus US$ 2 quatrilhões em ativos financeiros especulativos, e criar crédito produtivo para o desenvolvimento do Sul Global. Embora haja muito alarde na mídia ocidental sobre o fato de o presidente russo Putin e o presidente chinês Xi Jinping não comparecerem pessoalmente à cúpula do Rio, o fato é que Putin e Xi discutiram recentemente tornar a proposta das Novas Plataformas de Investimento (NIP) um tópico central de discussão no Rio. Como relatou o assessor presidencial russo Yury Ushakov em 19 de junho, Putin e Xi Jinping, em uma recente conversa telefônica, discutiram “a promoção de iniciativas russas apresentadas na cúpula do BRICS do ano passado em Kazan… em particular, uma nova plataforma de investimento. Sua tarefa é promover o crescimento econômico de nossos países e parceiros entre os representantes do Sul Global”, explicou Ushakov.

O Instituto Schiller e a Organização LaRouche há muito defendem que a melhor política para os Estados Unidos e a Europa Ocidental é unir-se aos BRICS na criação de um novo sistema voltado para o desenvolvimento, em vez de permanecer sob o jugo do sistema de Wall Street em colapso. Todos os olhares estão voltados para o Rio nos próximos dias, para ver quais passos os BRICS darão em direção à nova e necessária arquitetura internacional de segurança e desenvolvimento.

LEIA TAMBÉM:

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 06/07/2025