A defesa de dois indiciados por tentativa de golpe de Estado, ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, deve concentrar os seus argumentos na tese de que eles eram “personagens secundários” na trama.

A ideia faz parte da estratégia de defesa de Marcelo Costa Câmara e Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessores do ex-capitão. O advogado deles, Luiz Eduardo Kuntz, falou ao portal UOL nesta terça-feira 3.

Segundo o advogado, a meta é mostrar que eles “não tiveram poder decisório na trama” e que eram coadjuvantes no enredo.

Sem citar diretamente Bolsonaro, Kuntz disse que “todo mundo tem um chefe”, indicando quem estaria na posição de protagonista.

Ele evitou tratar da atuação dos outros 35 indiciados pela Polícia Federal, apontando que não é “defensor nem acusador”. Para ele, as investigações da PF compõem uma “tentativa de atingir Bolsonaro independentemente do custo de atingir o entorno”.

Os dois ex-assessores têm posições diferentes, mas complementares na trama. Câmara, por exemplo, foi citado pela PF como integrante do núcleo de inteligência paralela, tendo monitorado o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Segundo a PF, era Câmara quem repassava informações sobre os movimentos do magistrado ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Já Arnaud compunha, conforme a polícia, a área responsável por atacar reiteradamente o sistema eleitoral. A PF indicou que ele era uma dos principais figuras do núcleo de desinformação do governo anterior, divulgando conteúdos falsos contrários às urnas eletrônicas.

Tércio Arnaud e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução

O advogado chegou a elogiar o relatório, dizendo que se tratava de um documento “bem elaborado”. Entretanto, para ele, o parecer é “mais do mesmo” em relação aos seus clientes. “Não tem novidades quanto ao Câmara e ao Tércio, a não ser uma tentativa de colocá-los a todo custo como se fossem importantes para um problema principal.”

Após a divulgação do extenso relatório sobre a conspiração, os principais envolvidos começaram a se dividir. Um exemplo disso é Bolsonaro, cuja defesa, na semana passada, decidiu abrir uma nova linha argumentativa, dizendo que ele seria “passado para trás” por militares em um hipotético golpe de Estado.

Para ele, os “beneficiados” em caso de sucesso do plano seriam os integrantes de uma junta militar que estaria à frente do País no momento de convulsão. “Nessa junta não estava incluído o presidente Bolsonaro”, comentou um de seus advogados, Paulo Cunha Bueno.

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Last Update: 03/12/2024