Estamos acompanhando as manifestações dos servidores públicos de Mariana que receberam, com indignação, a notícia de que o reajuste salarial seria apenas de 5%. O prefeito Juliano Duarte (PSB) encaminhou para a Câmara o projeto de lei aprovado em sessão extraordinária na última sexta-feira, dia 21, pelos vereadores da cidade. Numa sessão vergonhosa que mostrou o quanto os vereadores estão fechados com o prefeito contra os trabalhadores da cidade.
Vale lembrar que, no ano passado em pleno período eleitoral, o antigo prefeito Celso Cota, havia encaminhado para a Câmara dos Vereadores, que foi pouco renovada na eleição, um projeto de lei de reajuste salarial de prefeito, vice-prefeito e secretários que chegavam a quase 70% para um dos cargos. Mas com a repercussão negativa na população, a Câmara esperou os ânimos da população se arrefecerem, para aprovarem esse aumento. Agora, o prefeito recebe R$ 30 mil, o vice, R$ 24 mil e os secretários recebem R$ 18 mil. E, não para por aí, os vereadores também aprovaram reajuste para eles mesmos em 7,7%, recebendo, agora, R$ 13 mil.
São esses senhores que aprovaram o reajuste de apenas 5% para os servidores públicos, que carregam o serviço público da cidade nas costas, apesar de todos os ataques. Para nós do PSTU, os políticos devem receber o mesmo salário de um operário qualificado ou uma professora, para que eles não se afastem da base que os elegeu, votando pautas que vão pelo sentido oposto ao dos interesses dos trabalhadores.
Como foi percebido no período eleitoral, Juliano Duarte conseguiu colocar sob sua asa a maior parte dos partidos, dos políticos da cidade e, consequentemente, dos vereadores, que, em ampla maioria, votaram favoráveis a esse projeto. E sempre com a justificativa de onerar a folha de pagamento dos cofres públicos, mesmo quando Mariana tem registrado nos últimos anos arrecadações que poderiam garantir uma vida digna para seus cidadãos.
Mas essa votação não aconteceu sem protestos. As trabalhadoras e os trabalhadores lotaram a Câmara Municipal e demonstraram sua indignação entoando em vários momentos o grito de “É greve! É greve! É greve!”.
Esse ataque aos salários dos servidores públicos é mais uma expressão de como os governos operam no capitalismo
Essa realidade, que tem vivido os as trabalhadoras e os trabalhadores da prefeitura de Mariana, é a que tem vivido o serviço público no Brasil todo, com os governos retirando direitos e fazendo os trabalhadoras receberem um salário de fome, sob a justificativa de crise e falta de verba. Mas a realidade é que a verba pública tem servido para enriquecer certos grupos aliados desses políticos.
E nessa toada, temos visto lutas de servidores, defendendo os serviços públicos e a valorização de seus trabalhos, que são essenciais para a população trabalhadora. Nesse sentido, destacamos a greve nacional da educação do ano passado que evidenciou a política do governo Lula de desvalorização das instituições federais em detrimento do privilégio dado às empresas privadas de ensino. Além disso, atualmente a luta dos trabalhadores terceirizados da educação municipal de Belo Horizonte, que desnuda as consequências da Lei das Terceirizações e como faz aumentar a precarização do serviço. E também a luta dos trabalhadores da educação de Minas Gerais contra o autoritarismo do governador Zema (Novo), que tem uma política de “enxugar a máquina pública” para entregar à iniciativa privada e, nesse processo, rebaixa, a cada ano, o salário dos educadores.
Isso são alguns exemplos que mostram que o projeto político desses governos é de ataque aos trabalhadores, aos serviços públicos, enquanto abaixam a cabeça para os ricos, banqueiros e as grandes empresas, como vemos acontecer aqui na nossa região com a Vale e a Samarco.
Por isso, nós do PSTU apoiamos as servidoras e os servidores públicos em luta em Mariana, assim como apoiamos o Sindserv nesse processo. E chamamos a população de Mariana, usuária dos serviços públicos na cidade, a apoiar também essa luta.
Precisamos exigir estrutura e valorização dos serviços públicos e defender salários dignos para os servidores.
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