O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama elogiou o colega de Partido Democrata Joe Biden, atual ocupante do cargo, pela desistência da disputa eleitoral. No entanto, segundo a imprensa estadunidense, a gentileza não significa um cenário amistoso entre os dois nos bastidores.
“Joe Biden tem sido um dos presidentes mais influentes dos Estados Unidos, além de um querido amigo e parceiro para mim. Hoje, fomos lembrados —novamente— de que ele é um patriota da mais alta ordem”, escreveu Obama em suas redes sociais.
Como reação, após a participação desastrosa de Biden no debate com o candidato republicano Donald Trump, Obama saiu em sua defesa: “Noites de debate ruins acontecem”, afirmou ele. “Mas esta eleição ainda é uma escolha entre alguém que lutou pelas pessoas comuns durante toda a sua vida e alguém que só se preocupa consigo mesmo”.
No entanto, nas semanas seguintes, Obama se manteve em silêncio publicamente, enquanto, segundo o Washington Post, demonstrava preocupação em conversas privadas sobre a competitividade de Biden contra Trump.
De acordo com o jornal, Obama falou com Biden apenas uma vez entre o debate e o anúncio da desistência, mas recebeu muitas ligações de democratas, incluindo da ex-presidente da Câmara, Nancy Pelosi, que assumiu uma postura ativa contra a candidatura de seu colega nos bastidores.
Nessas conversas, o ex-presidente teria dito que a decisão final sobre a candidatura era de Biden, mas também expressou preocupação com a vantagem crescente de Trump nas pesquisas e a retirada de apoio de doadores do partido.
Assessores do presidente ficaram irritados com a postura de Obama, que poderia ter reforçado publicamente sua candidatura. Segundo o New York Times, pessoas próximas ao presidente acreditam que vazamentos de conversas privadas visavam aumentar a pressão sobre ele para desistir. Biden considera Pelosi a principal instigadora, mas também está desapontado com seu antecessor democrata, a quem vê como “um mestre de marionetes nos bastidores”.
Segundo o Washington Post, Biden ficou ressentido por Obama não ter impedido o ator George Clooney, amigo do ex-presidente, de publicar um artigo no New York Times pedindo para o atual presidente desistir da corrida.
A tensão entre Biden e Obama remonta à eleição de 2016, quando Trump derrotou Hillary Clinton. Naquela ocasião, o agora ex-candidato foi pressionado por democratas e assessores do antecessor para não concorrer à nomeação. Após a derrota de Clinton, Biden acreditou que poderia ter vencido Trump e ficou ressentido com aqueles que o desestimularam a concorrer. Essa memória fez com que ele insistisse na corrida contra Trump desta vez.
Recentemente, o ex-deputado Charles Joseph Scarborough, próximo a Biden, afirmou na MSNBC que o presidente “está profundamente ressentido com o tratamento que recebeu não apenas da equipe de Obama, mas também pela maneira como foi deixado de lado por Hillary Clinton”.