O Rio de Janeiro será sede, nos dias 6 e 7 de julho, da reunião da cúpula dos BRICs, que tem o Brasil na presidência até o fim do ano.
Em fevereiro, a coordenadora-geral da presidência brasileira do BRICS e ministra Paula Barboza, das Relações Exteriores, afirmou que os dois eixos de atuação do país no cargo estão concentrados na reforma da governança global e na cooperação entre países do Sul Global.
Na última terça-feira (24), o Palácio do Planalto foi avisado de que o presidente da China, Xi Jinping, provavelmente não participará da reunião no Rio de Janeiro e deve ser substituído pelo primeiro-ministro, Li Qiang.
Outra ausência já esperada é a do presidente russo, Vladimir Putin, devido a um mandado de prisão pendente emitido contra ele pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), como afirmou o assessor de política externa do Kremlin Yuri Ushakov nesta quarta-feira (25).
Por todos estes fatores, o economista Paulo Nogueira Batista Junior não está confiante sobre um legado da presidência do Brasil no bloco econômico que reúnem diversos países do Sul Global.
“Espero estar errado, pode ser que alguma coisa esteja acontecendo nos bastidores ainda não divulgada, mas não há sinais convincentes disso. A presidência brasileira, infelizmente, está sendo tímida, pouco inventiva. Não se nota uma mobilização do governo, inclusive não só dos ministros e das equipes, mas também do próprio presidente da República, que poderia estar mais engajado”, afirmou o também ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington.
“É uma pena, porque os BRICS são um grupo importante e podem ter efeitos sobre a situação econômica mundial e política se atuarem conjuntamente. Para isso era preciso que o país que exerce a presidência lidere, liderasse, apresentasse propostas, pressionasse. Infelizmente, nós estamos vendo isso”, continua o economista.
Para Paulo Nogueira Batista Jr., uma evidência de que a presidência do Brasil nos BRICs está fraca foi, justamente, a escolha da reunião com os demais chefes de Estado, marcada para julho em vez do fim do ano. Tal decisão poderia reduzir a gestão brasileira a apenas um semestre, a não ser que haja a iniciativa de marcar uma série de reuniões com ministros, presidentes de Banco Central, secretários e assessores até o fim do ano.
“E culminar esse trabalho com um novo encontro dos líderes dos BRICs, por ocasião da cúpula do G20, que acontecerá na África do Sul em novembro. Não é difícil organizar uma reunião dessas, e nós já fizemos várias dessas no passado. Creio que seria uma oportunidade para o Brasil trazer para a mesa os líderes de novo, os BRICs originais, os cinco, e aqueles que não forem dos novos membros, que não forem membros do G20, podem ser convidados para participar. Então, eu espero que o Brasil ainda se mobilize para evitar desperdiçar a oportunidade que lhe foi dada de presidir os BRICs num momento tão especial”, concluiu o economista.
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