TikTok Shop desafia marcas a repensarem o e-commerce

A estreia do TikTok Shop no Brasil, em abril de 2025, marcou uma nova fase no comércio digital. A plataforma chinesa aposta em um modelo que une vídeo curto, recomendação personalizada e compra integrada em um mesmo ambiente, sem exigir que o consumidor saia do aplicativo.

O TikTok Shop incorpora links de compra diretamente nos vídeos. Isso transforma recomendações e reviews em pontos imediatos de conversão.

A estratégia foi testada com sucesso em mercados como Estados Unidos, Reino Unido, China e Indonésia. Agora, chega ao país com uma base de usuários altamente engajada — oito em cada dez brasileiros que usam TikTok acessam o app todos os dias, e 56% das compras online ocorrem à noite, no pico de uso da plataforma.

Integração entre conteúdo e comércio impulsiona vendas

Segundo Fernando Moulin, partner da Sponsorb e especialista em transformação digital, a combinação entre entretenimento, emoção e facilidade de compra gera taxas de conversão até dez vezes maiores que o e-commerce tradicional.

Além disso, o formato mobile-first e o checkout simplificado reduzem abandonos de carrinho e aproveitam o impulso de compra no momento de maior interesse do consumidor.

Comportamento do consumidor dita o ritmo

A plataforma opera a partir da lógica da economia da atenção. O algoritmo promove vídeos de criadores e marcas que engajam o público.

Em mercados como a Indonésia, nove das dez maiores lojas do TikTok Shop em 2024 foram de beleza e cuidados pessoais. O mesmo setor liderou as lives com maior faturamento nos EUA. No Brasil, o público predominante — jovens entre 10 e 29 anos, maioria mulheres — já consome esse tipo de conteúdo com frequência.

Vendedores precisarão adaptar conteúdo e operação

A chegada do TikTok Shop exige mudanças de postura por parte de marcas e vendedores. Segundo Moulin, conteúdo autêntico e parcerias com criadores de confiança serão centrais para construir credibilidade.

Dados da Opinion Box mostram que 48% dos consumidores brasileiros desconfiam de anúncios tradicionais, o que reforça o papel dos influenciadores.

A logística, no entanto, deve ser um desafio inicial. Diferente do Reino Unido, onde a plataforma gerencia entregas, no Brasil ela dependerá de operadores logísticos locais, como já ocorre no México.

TikTok Shop chega em meio à forte concorrência

O TikTok Shop estreia em um mercado competitivo. O Mercado Livre movimentou 51,5 bilhões de dólares em 2024. A Amazon reduziu comissões para atrair vendedores e a Shopee disputa a preferência do público com preços agressivos.

Enquanto isso, a Magazine Luiza investe em transmissões ao vivo e novas experiências de compra com influenciadores. O TikTok responde com incentivos como frete grátis e isenção de comissões nos primeiros 90 dias, estratégias aplicadas em outros mercados que podem ser replicadas no Brasil.

Potencial de crescimento e mudança no varejo

Segundo estimativa do banco Santander, o TikTok Shop pode alcançar até 9% das vendas online no Brasil até 2028. Esse número reforça a tendência de que o futuro do varejo não estará mais dividido entre online e offline, mas entre experiências que engajam ou não conseguem reter a atenção do público.

Para Fernando Moulin, a transformação é irreversível. Marcas que souberem vender sem interromper a experiência do usuário terão vantagem. A jornada de compra integrada ao conteúdo é o novo modelo. A adaptação rápida a esse formato será decisiva para a sobrevivência de quem atua no comércio digital.

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