Na avaliação de Georde Monbiot, colunista do The Guardian, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e o bilionário Elon Musk lançaram uma guerra de classes flagrante, da qual não têm vergonha ou embaraço para esconder seu envolvimento no ataque aos pobres.

Integrante do governo Trump, que toma posse nesta segunda-feira (20), Musk afirmou que vai defender a redução da despesa e da proteção pública que “defendem as pessoas do capital predatório”.

Ao lado do também bilionário Vivek Ramaswamy, Musk recruta outros bilionários para supervisionar os cortes no governo de forma voluntária, pelo que Monbiot chama ironicamente de “pela bondade dos seus corações”.

A partir do corte do orçamento federal, a ideia é tornar viável a redução dos impostos pagos pelos ultra-ricos, “classe ignorante precisa de toda a ajuda possível”, mas que aumentou em 193% a fortuna dos 12 homens mais ricos dos Estados Unidos desde a pandemia.

Apesar dos esforços de Musk, a ideia de cortar gastos pode não se concretizar no próximo governo, uma vez que as consequências para a maioria dos americanos seriam devastadoras. “A eleição de Trump foi uma resposta aos cruéis fracassos do neoliberalismo, mas será também a sua expressão máxima. Foi uma resposta à corrupção do sistema político por dinheiro privado. E será a corrupção definitiva do sistema”, analisou o colunista do The Guardian.

Mas, se bem sucedida, a empreitada de Musk colocaria os EUA na mesma condição da Argentina, onde Javier Milei trava uma guerra de classes em nome do capital internacional e cujas consequências são um aumento terrível da pobreza; um colapso no número de pessoas com seguro de saúde, juntamente com um subfinanciamento crítico do sistema de saúde público; proliferação de crimes de ódio; um ataque coordenado à ciência e à protecção ambiental; e um vale-tudo para as empresas estrangeiras que esperam confiscar os minerais, terras e mão-de-obra do país.

Monbiot observa ainda que “os demagogos descobriram que não importa quanto os seus seguidores sofrem, desde que os seus inimigos designados sofram mais. Se conseguirmos continuar a aumentar a dor dos bodes expiatórios (principalmente os imigrantes), os eleitores agradecer-lhe-ão por isso, independentemente da sua própria dor. Esta é a grande descoberta dos empresários do conflito, liderados pelo próprio Musk: o que conta na política não é o desempenho das pessoas, mas o desempenho delas em relação a grupos externos designados”.

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Last Update: 19/01/2025