A Organização dos Estados Americanos iniciou sua assembleia geral em Assunção, marcada por uma tentativa de golpe de Estado na Bolívia e novas divergências com a Argentina.
A OEA “não vai tolerar nenhuma forma de violação da ordem constitucional legítima na Bolívia nem em nenhum outro lugar”, disse o secretário-geral, Luis Almagro, ao condenar a ação do Exército boliviano.
O presidente anfitrião, Santiago Peña, também condenou “energicamente qualquer tentativa de subversão da democracia sagrada” e disse que seu país e o bloco apoiam “o governo legítimo do companheiro Luis Arce”.
O início da reunião de cúpula da organização girou em torno de divergências entre os representantes, após a Argentina rejeitar projetos de resolução ligados à democracia e ao meio ambiente.
A embaixadora argentina, Sonia Cavallo, questionou um parágrafo da resolução sobre o Haiti que mencionava a necessidade de combater a violência sexual e de gênero, ao que o embaixador americano, Frank Mora, reagiu argumentando que esse é “um problema sério e muito difundido” no país caribenho.
A diplomacia argentina enfrenta ainda outra polêmica.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não falará com Javier Milei até que ele peça “desculpas” pelas “bobagens” que disse. A presidência argentina respondeu que Milei “não cometeu nada do que precise se arrepender”.
Não serem ‘ingênuos’
A 54ª assembleia geral da OEA, que acontece até sexta-feira na sede da Conmebol em Assunção, reúne 23 ministros das Relações Exteriores da região focados em alinhar posições sobre a defesa da democracia, direitos humanos, segurança e desenvolvimento.
Este é o último ano de Luis Almagro como secretário-geral da OEA, após dois mandatos. Santiago Peña aproveitou a abertura do encontro para propor a candidatura do seu chanceler, Rubén Ramírez Lezcano, para o período 2025-2030.
Entre as prioridades da reunião está a Venezuela, cujo governo deixou formalmente a organização em 2019 após solicitar a saída dois anos antes, acusando o organismo de ser um “espaço de dominação imperial”.
O embaixador Mora indicou que os países membros não poderiam ser “ingênuos sobre a situação na Venezuela”, onde aumenta o número de opositores presos.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, buscará renovar seu mandato por mais seis anos em 28 de julho, em eleições amplamente monitoradas pela comunidade internacional.
Também estão na agenda a situação da Nicarágua, onde Daniel Ortega governa há 17 anos após sucessivas vitórias em eleições contestadas pela comunidade internacional, e o Haiti, imerso em uma crise profunda.