Apple diz que maioria dos iPhones vendidos nos EUA virá da Índia no trimestre de junho.
A Apple anunciou que a maioria dos iPhones vendidos nos Estados Unidos entre abril e junho será enviada da Índia, enquanto quase todos os iPads, Macs, Apple Watch e AirPods terão origem no Vietnã, afirmou o CEO Tim Cook durante uma teleconferência de resultados na quinta-feira.
A mudança ocorre após o presidente dos EUA, Donald Trump, impor tarifas de 145% sobre importações chinesas. Apesar disso, a Apple informou que a China continuará sendo o principal centro exportador de seus produtos para o restante do mundo, fora os EUA, neste trimestre.
Cook afirmou que as tarifas devem acrescentar US\$ 900 milhões aos custos da empresa entre abril e junho, num momento em que a Apple enfrenta incertezas geopolíticas que pressionam sua cadeia de suprimentos, ainda altamente dependente da Ásia.
A empresa registrou forte crescimento de receita no trimestre encerrado em março, alcançando US\$ 95,4 bilhões — alta de 5% em relação ao ano anterior. As vendas de iPhones, principal fonte de receita da companhia, cresceram 1,9%, totalizando US\$ 46,8 bilhões.
“Durante o trimestre de março, conseguimos minimizar o impacto das tarifas ao otimizar nossa cadeia de suprimentos e estoques”, disse Cook, acrescentando que não há “evidência clara” de que os consumidores estejam estocando produtos por medo de novas tarifas.
Para o trimestre de abril a junho, o diretor financeiro Kevan Parekh afirmou que, mesmo com o custo adicional, a Apple espera crescimento de receita entre “baixa e média porcentagem de um dígito”.
Apesar do bom desempenho na América e no Japão, a Apple viu queda nas vendas na Grande China (incluindo Hong Kong e Taiwan), onde a receita caiu 2,3% em relação ao ano anterior. A empresa enfrenta forte concorrência da Huawei e outras marcas locais, além de ainda não ter lançado sua nova tecnologia de inteligência artificial no país.
Embora a Apple tenha disponibilizado sua ferramenta Apple Intelligence em chinês simplificado no mês passado, o recurso ainda aguarda aprovação regulatória de Pequim.
No Japão, a receita subiu 16,5%, alcançando US\$ 7,3 bilhões — o maior crescimento percentual entre todas as regiões. A região do Pacífico Asiático (excluindo China e Japão) teve crescimento de 8,4%, também somando US\$ 7,3 bilhões.
Após a divulgação dos resultados, as ações da Apple caíram mais de 4% no pregão após o fechamento dos mercados.
As principais bases da cadeia de suprimentos da Apple — China, Índia e países do Sudeste Asiático — enfrentam tarifas diferenciadas. Embora o governo Trump tenha isentado inicialmente telefones, computadores e semicondutores das tarifas “recíprocas”, Washington anunciou que haverá uma tarifa adicional específica para chips, componentes essenciais dos produtos da Apple.
Em fevereiro, antes do anúncio das tarifas, a Apple se comprometeu a investir US\$ 500 bilhões em manufatura nos EUA. Durante a conferência de resultados, Cook afirmou que a empresa planeja adquirir mais de 19 bilhões de chips produzidos em 12 estados americanos, incluindo “dezenas de bilhões” de chips avançados fabricados no Arizona ainda este ano.
“Fomos fundamentais no projeto da TSMC no Arizona e somos o primeiro e maior cliente a receber chips daquela planta”, afirmou Cook, indicando que parte substancial do investimento será destinada à aquisição de chips fabricados pela TSMC nos EUA.
Segundo o Nikkei Asia, a Apple está na fase final de validação dos primeiros chips de última geração “fabricados na América”, produzidos pela Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. no Arizona.
No entanto, em vez de transferir toda a produção para os EUA, a Apple reforçou sua presença no Sudeste Asiático e na Índia. A empresa ajudou fornecedores a adquirir equipamentos, determinou que a maioria dos iPhones, MacBooks e iPads destinados aos EUA sejam produzidos na Índia e no Vietnã, e acelerou a fabricação de componentes na Tailândia.
“Os investimentos anteriores na Índia estão dando frutos, mas é impossível transferir grandes volumes de produção da China em curto prazo, devido à força de sua estrutura fabril e logística”, explicou Ben Wood, analista-chefe da CCS Insight.
Cook concluiu afirmando que a Apple continuará diversificando sua cadeia de suprimentos, pois “aprendemos há algum tempo que concentrar tudo em um só lugar representa um risco grande demais”.
Yifan Yu
Yifan Yu é repórter do Nikkei Asia especializado em tecnologia e cadeia global de produção.
2 de maio de 2025
Nikkei Asia