O Oriente Médio vive o mais grave confronto direto entre Irã e Israel em décadas. Em seu quarto dia nesta segunda-feira (16), a escalada militar já deixou ao menos 224 mortos no Irã e 30 em Israel, além de mais de 1.600 feridos somando os dois lados.
As ofensivas, que tiveram início com um ataque de Israel na sexta-feira (13), agora se espalham por áreas civis, instalações nucleares e centros estratégicos, com impactos políticos e econômicos de alcance global.
O ataque que acendeu o pavio
Na sexta-feira, Israel lançou a chamada “Operação Leão Ascendente”, mirando diretamente a cúpula militar iraniana e danificando instalações nucleares em Teerã. Entre os mortos estão o chefe da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, o comandante das Forças Armadas, Mohammad Bagheri, e líderes de inteligência, como Mohammad Kazemi e seu vice Hassan Mohaqeq.
O bombardeio também atingiu o Ministério da Defesa e o Ministério das Relações Exteriores do Irã, deixando dezenas de feridos. Mais um grande ataque ocorreu no domingo (15), quando um míssil israelense destruiu uma aeronave de reabastecimento no aeroporto de Mashhad, a mais de 2.300 km de distância de Israel, marcando a ofensiva de maior alcance da história do país contra território iraniano.
A resposta iraniana
O Irã respondeu com força. Mísseis iranianos atingiram áreas residenciais e refinarias em cidades israelenses, incluindo Tel Aviv, que sofreu novos bombardeios na madrugada desta segunda-feira. Ao menos oito pessoas morreram nas últimas horas, elevando para 30 o número de vítimas fatais em Israel, entre elas crianças e mulheres.
No Irã, o Ministério da Saúde afirmou que 90% das vítimas são civis. Um único ataque em Teerã, no sábado (14), matou 60 pessoas, metade delas crianças, após a destruição de um prédio de 14 andares.
Equipes de resgate continuam retirando corpos dos escombros, enquanto escavadeiras e cães farejadores trabalham em busca de sobreviventes.
Israel diz ter controle do espaço aéreo de Teerã
Nesta segunda-feira, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está em “controle” do espaço aéreo de Teerã e aconselhou os cidadãos iranianos a evacuarem a capital. Há relatos de que uma nova onda de ataques israelenses já foi iniciada, ampliando ainda mais a escala da ofensiva militar.
Autoridades israelenses afirmam que ainda existe uma “longa lista de alvos” a serem atingidos em território iraniano, incluindo centros militares, de inteligência e de infraestrutura.
O objetivo declarado de Israel é desmantelar o programa nuclear iraniano, considerado uma ameaça existencial por Tel Aviv. Embora seja consenso internacional que Israel também detenha um programa nuclear, que o país nunca confirmou oficialmente, os israelenses não são signatários do Tratado de Não Proliferação Nuclear.
EUA avaliam entrada no conflito
A tensão ganhou um novo componente geopolítico neste domingo, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que Washington poderá se envolver no conflito. “Não estamos envolvidos nisso. É possível que possamos nos envolver. Mas, neste momento, não estamos envolvidos“, afirmou Trump à ABC News.
A fala aumenta o alerta internacional sobre o risco de uma guerra de maiores proporções no Oriente Médio, com consequências para a segurança global.
Tentativas de diálogo travadas
Até o momento, não há previsão de reuniões diretas entre os dois países. As negociações nucleares, que poderiam representar uma saída diplomática, foram suspensas após os ataques israelenses de sexta-feira.
O Irã sinalizou que aceitaria um acordo, desde que não abrisse mão do enriquecimento de urânio, o que é inaceitável para Israel. Além disso, Teerã rejeita qualquer cessar-fogo enquanto estiver sob ataque.
Risco de guerra regional e impacto global
O conflito atinge uma nova escala e especialistas temem um efeito dominó em toda a região. A tensão entre as potências do Oriente Médio cresce, enquanto os mercados globais já reagem com alta nos preços do petróleo.