Como todos, fiquei entusiasmado com a vitória brasileira no Globo de Ouro, duas semanas atrás. Mas, como diria o pessoal do futebol, dei uma de “canelada”, aqui neste espaço, ao deixar de elogiar Vinícius Jr., que também foi agraciado com a “Bola de Ouro” pelo seu desempenho na temporada europeia.
A conquista do menino de São Gonçalo (RJ), que vem de uma terra celeiro de grandes craques, tem um perfil similar ao da brilhante Fernanda Torres: são vitórias muito significativas para nós todos, como sociedade.
Falando em futebol, o início da temporada por aqui está um tanto quanto morno.
As equipes começam os campeonatos estaduais com times “alternativos” e, por enquanto, tudo parece bem desidratado.
Por outro lado, a tradicional Copinha segue seu curso com o impressionante número de 128 times. Isso é um grande movimento de jovens aspirantes ao profissionalismo.
Agora, com a fase eliminatória da competição, começa a surgir uma ideia mais clara de quem tem chances reais de alcançar patamares mais altos.
Para os jovens que sonham integrar as equipes principais, essa é a hora das oportunidades.
No meio disso, as transações de jogadores e de profissionais do futebol seguem seu ritmo, com especulações e, como de hábito, também fofocas.
A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, uma figura ativa nos bastidores, tem assumido o protagonismo do momento.
Recentemente, ela criticou os clubes que levam suas pré-temporadas para fora do Brasil, tratando a opção como se servisse apenas para “ir passear na Disney”.
A declaração, obviamente, gerou polêmica e, logo, ela foi contestada. Parece que é a vez dos “cartolas” se mostrarem.
Leila também entrou em rota de colisão com o jogador Dudu.
Dudu, ídolo da torcida, que esteve muitos anos no clube e conquistou diversos títulos, acabou “saindo pela porta dos fundos” em decorrência de um atrito com a dirigente.
O atleta teve uma proposta de transferência para o Cruzeiro no meio do ano, mas preferiu esperar o fim do contrato.
A decisão fez com que sua saída se desse sem que houvesse qualquer compensação financeira para o Palmeiras.
Além disso, Dudu, ao deixar o clube, saiu cuspindo marimbondos inflamáveis.
Na segunda-feira 13, depois de ter sido mencionado por Leila, o jogador voltou a criticá-la publicamente, via redes sociais.
No caso do atacante Rony, que também não está mais nos planos do Palmeiras, a presidente foi direta: se ele não for transferido para outro clube, vai cumprir o contrato até o fim.
Trata-se, ao menos, de uma posição clara.
Falando em novidades, tivemos a notícia da transformação do Santa Cruz, o tradicional “Santinha” pernambucano, em Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
Essa transição de clubes brasileiros para o modelo SAF continua sendo um tema polêmico e está gerando muitos debates, inclusive aqui em Paquetá, onde teremos um encontro para discutir o assunto.
A SAF tem se mostrado uma solução para o financiamento do esporte, que, com o tempo, passou a mobilizar valores financeiros inimagináveis.
Ainda é cedo para afirmar se essa mudança será uma solução definitiva, mas o fato é que o modelo está se expandindo e modificando as feições do nosso futebol.
Por fim, registro aqui outro caso curioso deste início de ano, que reflete o rumo que o esporte está tomando.
Um garoto de 14 anos motivou um pedido de eliminação do Corinthians, feito pelo Movimento de Clubes Formadores, por suposto aliciamento de um jogador de 14 anos que havia sido revelado pelo Palmeiras e, de repente, apareceu no clube rival.
A legislação atual, visando proteger os menores do mercantilismo exagerado no futebol, coloca um limite de idade para transferências. Esse caso recente, no entanto, expõe as falhas desse sistema.
E, do velho mundo, chega a notícia de uma vitória arrasadora do Barcelona sobre o Real Madrid por 5 a 2, pela Copa do Rei.
A partida foi marcada pela brilhante atuação de um jovem prodígio, o marroquino Yamal, que, aos 16 anos, já impressiona na La Liga.
O futuro do futebol parece mesmo promissor. •
Publicado na edição n° 1345 de CartaCapital, em 22 de janeiro de 2025.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Temporada aberta’