A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda (SPE) aumentou de 2,3% para 2,4% a estimativa de crescimento da economia brasileira neste ano. A previsão consta do Boletim Macrofiscal, divulgado na última segunda-feira (19) pela secretaria. Em relação à inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o documento aumentou de 4,9% para 5% a projeção para este ano.

Para analisar o rumo da economia brasileira, o jornalista Luís Nassif recebeu no programa TVGGN 20H da última segunda-feira (20) o economista e coordenador do Núcleo de Contas Nacionais da FGV, Cláudio Considera. 

O economista considera o desempenho da economia bom, porém fica espantado com o fato de que, mesmo no ano passado, quando resultados positivos foram divulgados, as pessoas não se lembraram de comemorá-los, pois afirmavam que “o fiscal iria entornar o caldo logo à frente”. 

“Isso está me deixando meio preocupado. Por exemplo, o resultado desse primeiro trimestre vai ser espetacular. Deve crescer alguma coisa em torno de 1,6% na estimativa do Monitor do PIB. E já se fala que não vai continuar assim tão bom. Não ia continuar assim tão bom e não vai continuar assim tão bom, porque o fiscal vai atrapalhar”, afirma Considera. 

Ainda que considere o problema fiscal gravíssimo, o economista ressalta que o país tem sido capaz de superar este impedimento, mesmo com a taxa de juros em elevação. “O investimento está crescendo, o consumo das famílias continua crescendo. Então, nós temos uma economia boa, funcionando direito.”

“Então, eu acho que o resultado é bom, de maneira geral. As exportações nossas, a despeito de tudo, continuaram crescendo. As importações cresceram também, o que é muito bom, porque, na verdade, uma parcela grande dessas importações foi de bens de capital, para o investimento de bens, de máquinas e equipamentos importados. Isso é bom, porque traz tecnologia nova, tecnologia diferente da que temos, e você vai poder aumentar a capacidade instalada com uma tecnologia melhor. Provavelmente, vai permitir um aumento da produtividade, que é uma coisa que nós estamos precisando muito”, emenda. 

Por isso, Considera diz que gostaria de celebrar o resultado do primeiro trimestre, que para muitos economistas deveria ter sido um fracasso, especialmente diante do cenário internacional que pode impactar, de forma significativa, a economia brasileira. 

“Hoje em dia, por exemplo, nós temos uma guerra na Ucrânia, uma guerra em Gaza e o Trump, que é outra guerra. Então, várias coisas ruins acontecem. Se esse cenário melhorar um pouco, nós podemos crescer, continuar crescendo.”

Os casos de gripe aviária no Rio Grande do Sul, que levaram seis países a suspenderem as importações, vai impactar a balança comercial por um lado, mas também pode representar uma queda no preço do ovo, que será destinado ao mercado interno. “Então, tem de olhar o lado ruim da coisa, mas tem que olhar o lado positivo também.” 

Ao longo da entrevista, Cláudio Considera falou ainda sobre o problema fiscal brasileiro, além do investimento na indústria nacional. 

Assista a entrevista completa em:

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Last Update: 20/05/2025