Com a chegada do inverno, o sistema de saúde brasileiro volta a operar sob forte pressão. De acordo com o boletim InfoGripe, da Fiocruz, divulgado em 15 de maio, 15 das 27 unidades da federação apresentam alta incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com níveis de alerta, risco ou alto risco.

Em estados como Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, municípios já decretaram situação de emergência. Em Florianópolis, por exemplo, o número de transferências das UPAs para hospitais aumentou 260% em um curto período.

Diante desse cenário, soluções tecnológicas surgem como ferramentas estratégicas para apoiar instituições públicas e privadas. Essas ferramentas auxiliam no controle de filas, otimizam o uso de leitos, agilizam diagnósticos e qualificam dados enviados aos órgãos reguladores.

A seguir, veja quatro soluções digitais que contribuem para aliviar a sobrecarga do sistema de saúde:

1 – Controle de agendamentos, filas e estoques

Para Maitê Gabriel dos Passos, coordenadora da BU Saúde da Betha Sistemas, as tecnologias atuam como suporte complementar às ações emergenciais. Entre essas ações, estão o aumento de leitos e o reforço das campanhas de vacinação.

Segundo ela, sistemas integrados voltados a prefeituras e gestores municipais permitem organizar agendamentos, filas de atendimento e planejamento de estoques. Além disso, com essas ferramentas é possível redirecionar insumos, planejar uso de leitos e alocar profissionais com base em dados.

“Nossos sistemas possibilitam o acompanhamento de surtos em tempo real por meio de mapas, o que facilita a resposta rápida em regiões mais afetadas”, explica Maitê.

Outro ponto importante, segundo ela, é o atendimento remoto por videochamada. Essa modalidade reduz aglomerações, permite a emissão de receitas e orientações médicas a distância e oferece mais segurança à população e aos profissionais.

2 – Resposta epidemiológica mais rápida

De acordo com Iomani Engelmann, cofundador e diretor de Marketing da Pixeon, a gestão automatizada de dados clínicos é fundamental para acelerar a resposta do sistema de saúde. Ele explica que sistemas de notificação automática permitem o envio rápido de informações sobre doenças de notificação compulsória às secretarias de saúde. Isso reduz o tempo de resposta e melhora o cumprimento de exigências legais.

Além disso, o acesso a painéis com dados atualizados — como taxa de ocupação de leitos, tempo médio de atendimento e reinternações por doenças respiratórias — permite uma gestão mais eficiente. Essas informações em tempo real ajudam a identificar áreas com maior transmissibilidade de doenças e permitem ações mais direcionadas.

“O uso inteligente da informação fortalece a vigilância epidemiológica e aumenta a capacidade de reação frente a eventos críticos”, afirma Engelmann.

3 – ‘Segunda opinião’ para diagnósticos médicos

Durante períodos de alta demanda, o tempo dos profissionais é um recurso escasso. Por isso, soluções digitais que apoiam diagnósticos têm ganhado espaço nas rotinas clínicas.

Segundo o médico Lucas Oliveira Junqueira e Silva, responsável técnico da Livia, a ferramenta de IA atua como uma “segunda opinião” para os médicos. Ela oferece sugestões diagnósticas baseadas em evidências e ajuda a acelerar o manejo clínico.

Além disso, a ferramenta pode ser integrada ao prontuário eletrônico das instituições. Essa integração permite que a IA acesse dados do histórico do paciente e automatize parte da análise clínica.

“Isso reduz a necessidade de buscas manuais por guias de conduta e economiza tempo dos profissionais em plantões”, destaca Lucas.

A proposta da Livia não é substituir decisões médicas, mas apoiar a tomada de decisão em momentos de sobrecarga e urgência.

4 – Qualidade dos dados regulatórios

Com o aumento dos atendimentos, cresce também a demanda por informações regulatórias confiáveis. Nesse contexto, operadoras de saúde precisam garantir o envio correto de dados à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Por meio do Padrão TISS (Troca de Informação em Saúde Suplementar), é possível padronizar a comunicação com prestadores e manter a transparência junto à agência reguladora.

Entretanto, falhas na padronização e organização das informações podem afetar o faturamento, distorcer indicadores assistenciais e prejudicar o desempenho no IDSS (Índice de Desempenho da Saúde Suplementar).

De acordo com Flávio Exterkoetter, CEO da Blendus, o aumento na pressão sobre operadoras afeta não apenas a assistência, mas também a retaguarda de dados.

“Mais atendimentos significam mais guias, o que eleva o risco de inconsistências. Na Blendus, validamos e qualificamos esses dados com o suporte da tecnologia”, explica.

Além disso, ele reforça que a governança de dados é parte essencial da qualidade assistencial e da sustentabilidade do sistema.

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Last Update: 24/05/2025