Tecnologia agrícola da China transforma produção no Suriname

O Centro de Cooperação Técnica Agrícola do Suriname fica a cerca de uma hora e meia da capital, Paramaribo. Quando os repórteres chegaram, o chefe da primeira fase do projeto e especialista em cultivo de hortaliças, Liu Dejun, estava em um campo experimental próximo com sua equipe de especialistas chineses e agricultores locais, verificando o crescimento das plantações.

Ao ver as frutas e vegetais cuidadosamente cultivados pela equipe florescendo e frutificando, Liu Dejun sentiu-se satisfeito.

Há pouco mais de dois anos, quando a equipe de especialistas agrícolas chineses chegou ao Suriname, encontraram uma taxa de utilização de terra muito baixa. A maioria dos agricultores locais dependia da experiência tradicional, acreditando que, depois de lançar as sementes ao solo, o resto dependeria da sorte.

Faltava-lhes conhecimento e tecnologia de cultivo modernos, o que tornava a produção agrícola instável. Em 2022, com o início do projeto de assistência técnica do Centro de Cooperação Técnica Agrícola do Suriname, a equipe chinesa estabeleceu áreas especializadas em hortaliças, cogumelos comestíveis, maquinário agrícola, entre outras, e começou experimentos de introdução de espécies e treinamentos práticos conforme as condições locais.

Foram introduzidas novas variedades e técnicas, como o cultivo combinado de milho e soja, formadas famílias-modelo com alguma base em agricultura, e oferecida orientação técnica e apoio com insumos agrícolas.

Sharina cresceu em uma fazenda onde sua família sempre cultivou amendoim, batata-doce e frutas como a banana. “Quando soube que uma equipe de especialistas agrícolas da China havia chegado, fui ver junto com uma amiga. Na primeira visita ao centro de cooperação agrícola, fiquei impressionada — os pimentões cultivados pelos especialistas estavam repletos de frutos, enquanto os nossos eram bem escassos. A partir daí, comecei a aprender com os especialistas chineses”.

“Treinamos os agricultores e aprendizes em identificação e controle verde de pragas e doenças, adubação, semeadura e germinação precisas, irrigação com economia de água, cultivo de alto rendimento, seleção de variedades, entre outros, com aplicação prática no campo, o que aumentou o nível técnico e a eficiência da produção agrícola”, explicou Liu Dejun.

No campo experimental do Centro de Cooperação Técnica Agrícola do Suriname, Sharina mostra as sementes de culturas que coletou. Foto: Ernesto Domínguez, Diário do Povo

Com os especialistas chineses, Sharina aprendeu muitas técnicas, como usar esterco de galinha e de vaca fermentado como fertilizante; que nem sempre é necessário aplicar agrotóxicos quando as mudas adoecem — às vezes, métodos naturais funcionam melhor. Os aprendizes e especialistas criaram um grupo de mensagens nas redes sociais, onde podem pedir ajuda a qualquer momento. “Compartilho o que aprendi com minha família e comecei até a plantar vegetais que nunca havia cultivado antes”, contou Sharina, animada. “Adoro a sensação da colheita. Ver a terra retribuir enche o coração de alegria”.

Como Sharina, muitos participantes do treinamento levaram os conhecimentos técnicos de volta às suas comunidades e ensinaram outros agricultores, ampliando o impacto do projeto de cooperação. Linda, funcionária do escritório distrital do Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca do Suriname, disse: “Ao visitar os campos, sentimos claramente que os treinamentos chineses trouxeram tecnologias e conceitos que nunca havíamos visto — antes pensávamos que quanto maior a árvore frutífera, melhor, mas agora sabemos que a poda e o manejo adequado garantem mais e melhores frutos”.

Atualmente, as fazendas orientadas pela equipe chinesa já somam mais de 100 hectares. Foram realizadas mais de 200 visitas técnicas e treinados cerca de 350 aprendizes. Eles vêm de todas as partes do Suriname — alguns pegam ônibus diariamente, viajando até 3 horas de ida e volta, só para não perder a chance de aprender com os especialistas chineses.

“Nossa meta é que o Suriname alcance, de fato, a autossuficiência e o desenvolvimento sustentável na agricultura”, afirmou Liu Jingguo, especialista em frutas e legumes da equipe. “Esperamos que, quando partirmos, os agricultores daqui consigam aplicar sozinhos as técnicas e experiências, cultivando com confiança”.

“Há três anos, o local onde está o centro de cooperação era uma terra abandonada; agora está verde e produtiva”, disse Wang Chuanrui, deputado do Parlamento do Suriname.

“Os especialistas chineses não só trouxeram tecnologias modernas como irrigação com fertilizantes integrados e diagnóstico nutricional, como também mudaram gradualmente a percepção do povo surinamês sobre agricultura. Cada vez mais agricultores estão aprendendo métodos científicos de cultivo e a produtividade e qualidade agrícola local melhoraram significativamente. O governo surinamês espera, com essa parceria com a China, promover a modernização agrícola, criar uma marca de frutas e vegetais orgânicos e alcançar o mercado internacional”.

Visão panorâmica do Centro de Cooperação Técnica Agrícola do Suriname. Foto: Li Mengxin, Xinhua

Jia Jinyi, conselheiro econômico e comercial da Embaixada da China no Suriname, disse que o Centro de Cooperação Técnica Agrícola do Suriname é o primeiro projeto de assistência agrícola desde o estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países.

Com resultados notáveis na introdução de técnicas, sementes, infraestrutura e formação de talentos, já foram promovidas 32 variedades de cultivos, beneficiando mais de 6.500 agricultores e lançando as bases para a capacidade local de desenvolvimento agrícola sustentável.

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