O ministro Jhonatan de Jesus, do Tribunal de Contas da União, ordenou que os ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento e do Esporte, e a Caixa Econômica Federal, tomem medidas imediatas para evitar que recursos de programas sociais, como o Bolsa Família, sejam utilizados em apostas online.

A decisão foi assinada no domingo 15 e concede 15 dias para que os órgãos se manifestem sobre o tema. Jesus também pediu informações sobre indícios de irregularidades no uso dos recursos nas apostas. No documento, ele destaca a possível violação da lei que rege o Bolsa Família e a falta de fiscalização no setor de apostas.

O ministro alertou para a necessidade de soluções técnicas para operacionalizar a proibição dos recursos de programas sociais nesses jogos. “A destinação dos recursos para apostas, atividade que não contribui para a satisfação das necessidades básicas nem para a superação da pobreza, viola esses objetivos e compromete a eficácia da política pública de assistência social.”

Na semana passada, a Advocacia-Geral da União recorreu ao Supremo Tribunal Federal contra uma decisão que ordenou o governo federal adotar medidas para evitar que beneficiários do Bolsa Família apliquem os recursos em apostas.

O órgão disse que o governo não tem ferramentas técnicas para proibir esse tipo de gasto, pois não é possível identificar os valores vindos do benefício entre outros depósitos em contas bancárias das famílias. A AGU também alega que, após a transferência do recurso, o dinheiro se torna do beneficiário e o poder público perde a capacidade de controlar sua destinação.

debate em torno das apostas ganhou força após um estudo produzido pelo Banco Central mostrar que cerca de 24 milhões de pessoas físicas participam de jogos de azar e apostas no País.

Entre os beneficiários do Bolsa Família, principal programa de transferência de renda, mais de 5 milhões de usuários destinaram dinheiro às casas de apostas virtuais somente em agosto. Foram mais de 3 bilhões gastos nesse período – um montante que corresponde a 20% do valor total repassado pelo programa.

A estimativa do BC considera os consumidores que realizaram ao menos uma transferência via Pix para essas empresas em agosto. A grande maioria dos apostadores tem entre 20 e 30 anos, aponta o relatório.

O valor médio mensal das transferências aumenta conforme a idade. Para os mais jovens, os aportes chegam aos 100 reais por mês. Já os mais velhos destinam mensalmente mais de 3 mil reais.

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Last Update: 16/12/2024