As candidaturas femininas às eleições em 2024 aumentaram ligeiramente, ficando, percentualmente, quase igual a 2020. De acordo com a Justiça Eleitoral, o índice de mulheres disputando cargos neste ano corresponde a 33,94% do total, enquanto há quatro anos a fatia era de 33,5%.
Ao todo, foram contabilizados neste ano 149,8 mil pedidos de registros de candidaturas femininas, dos quais a grande maioria, 144,1 mil, são para as câmaras municipais e somente 5,7 mil para os cargos majoritários (prefeitas e vices).
Há quatro anos, também houve mais candidaturas em geral, o que explica que, em números absolutos, também houve mais mulheres disputando as cadeiras dos legislativos e dos executivos municipais.
Em 2020, mais de 6,8 mil mulheres concorreram às prefeituras e 180,2 mil às câmaras. Ao mesmo tempo, Brasil teve mais de 557,6 mil candidatos ao todo, contra 453,3 mil agora, contabilizados até a noite desta quinta-feira (15). Isso significa que hoje são 21% menos candidatos concorrendo a prefeito e 19% a menos para vereador em comparação com o que havia quatro anos atrás.
Mais mulheres na política
Outros dados recentes comprovam a dimensão dos desafios impostos às mulheres que decidem disputar cargos públicos — neste caso, em especial, os de âmbito municipal. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), desde o pleito de 2000 até o de 2020, 3.557 municípios brasileiros não tiveram nenhuma prefeita eleita.
No caso das cidades com mais de 100 mil habitantes, 71% não elegeram prefeitas, percentual que cai um pouco, para 63%, nas que têm menos de 100 mil habitantes.
Outro conjunto de dados do TSE que corrobora essa situação aponta que nas eleições municipais de 2020, o percentual de mulheres eleitas para as câmara municipais foi de 16% — em 2016, havia sido de 13%.
O percentual de mulheres nas disputas municipais nos dois últimos pleitos tem seguido praticamente à risca o mínimo de 30% estabelecidos em lei, o que mostra que ainda há dificuldades, em muitas legendas e no mundo político em geral, para as mulheres avançarem em sua representatividade para além da “obrigação legal”.
Mas, em alguns partidos, elas estão bem acima desse percentual. É o caso, por exemplo do PCdoB e do PSol, cujas candidaturas femininas representam 40% do total. A UP tem 53% e o PT, 34%. Dentre as três legendas que mais lançaram nomes a esta disputa, MDB, PP e PSD, as mulheres respondem por 33% do total.
Historicamente, o PCdoB é um dos partidos que mais têm lutado pela ampliação da participação feminina na frente política e social, como ferramenta necessária para a emancipação da mulher e para a construção da igualdade. Neste ano, uma das iniciativas do partido para estimular, fortalecer e preparar as mulheres para as eleições foi a “Caravana Mulheres pelo Brasil – Por um país com equidade e mais mulheres na política”.
Na semana passada, o evento aportou em Salvador e, na ocasião, a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) falou sobre a importância de as mulheres garantirem seu espaço também do ponto de vista da construção de uma outra sociedade.
“Somos 52% da população mundial e brasileira e temos muitas contribuições a dar à sociedade humana. A gente tem de construir plataformas, afinal, toda mulher tem o que dizer. Toda mulher tem uma história, quer seja da luta contra o preconceito religioso, quer seja da luta antirracista, da própria batalha pelos direitos da mulher, contra a violência, pela participação política e em defesa da saúde, da educação ou da garantia efetiva dos direitos dos povos indígenas e originários. Ou seja, temos muito o que dizer para construir a sociedade mais justa que a gente sonha”, declarou.
Com agências