O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira 30 que a taxa básica de juros, a Selic, já está em um patamar “restritivo” que desacelera a economia brasileira.
Na quarta-feira 29, o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu por unanimidade promover mais um aumento na taxa básica de juros, levando a Selic de 12,25% para 13,25% ao ano.
“Se você já está em uma taxa muito restritiva, às vezes o remédio em excesso é contraproducente. Todo remédio tem a dose certa”, afirmou em entrevista ao programa ‘É Notícia’, da RedeTV!.
Com o novo reajuste da Selic, o Brasil fechou esta quarta-feira com a segunda maior taxa real de juros no mundo, segundo um monitoramento da consultoria MoneYou. Em primeiro lugar no ranking da taxa real, que desconta a inflação projetada para os próximos 12 meses, está a Argentina, com 9,36%, ante 9,18% do Brasil.
Ainda conforme Haddad, o Brasil tem espaço para crescer 2,5% reduzindo a inflação. “Nós estamos prevendo para este ano uma redução do crescimento da economia, que foi de 3,5%, para algo como 2,5%, justamente para acomodar as pressões inflacionárias”, disse o ministro.
Segundo o chefe da Fazenda, o presidente Lula (PT) tem consciência de que “muitas vezes você tem que fazer um ajuste de rota” e que a expectativa é de uma acomodação nos preços dos alimentos em 2025.
Sobre as ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor novas taxas ao Brasil, Haddad reforçou o equilíbrio da balança comercial brasileira com os EUA.
“Qual seria o ganho dos Estados Unidos em sobretaxar produtos brasileiros? Não faz o menor sentido, é uma balança equilibrada entre os dois países. Se ele sobretaxar um país do qual importa muito, pode favorecer o Brasil, inclusive”, comentou.