Desde que foi anunciado o tarifaço, o empresariado nacional e, em particular a indústria do Rio Grande do Sul, têm defendido que o governo não aplique nenhuma retaliação aos EUA, e que se aposte no “diálogo” com Trump. Ao mesmo tempo, têm defendido que os governos adotem medidas de auxílio – empréstimos subsidiados e, inclusive, flexibilização de leis trabalhistas – tudo isso com o discurso que estão preocupados em manter empregos .
A Taurus é um grande exemplo de que este argumento não passa de uma grande hipocrisia. A empresa anunciou que, caso se prolongue a cobrança da tarifa de 50%, irá transferir uma parcela de sua produção do Rio Grande Sul para os Estados Unidos, gerando a demissão de 3 mil trabalhadores diretos e até 15 mil indiretos.
Mesmo assim, o presidente da Taurus, Salésio Nuhs, grande apoiador de Bolsonaro, contou estar negociando benefícios com o governador Eduardo Leite (PSD): o recebimento acelerado de créditos de ICMS acumulados pela exportação de armas. Um verdadeiro absurdo.
Há manifestações sendo convocadas nesta semana em defesa da soberania nacional e contra o tarifaço de Trump. É uma grande oportunidade para cobrarmos do governo Lula que sejam adotadas medidas para defender os trabalhadores, e não as grandes empresas hipócritas. Que Lula enfrente Trump para além das palavras, proibindo as remessas de lucros e dividendos das transnacionais norte-americanas, taxando para valer as big techs, quebrando patentes de medicamentos de “propriedade intelectual dos EUA”, entre outras medidas.